Para o presidente do conselho do BTG Pactual, enquanto alguns concorrentes patinam, o país é visto com bons olhos devido às reformas, exportação de alimentos e energia limpa
Durante o evento BTG Macro Day 2023, do BTG Pactual, nesta segunda-feira (6), André Esteves, o presidente de seu conselho de administração, afirmou que apesar das incertezas e desconfianças, a imagem do país anda boa no exterior. As reformas estruturais dos últimos anos, as exportações de commodities agrícolas e existência de uma matriz energética limpa e renovável arrancam elogios.
Com outros países emergentes fora do jogo, o Brasil não teria muitos rivais à altura neste momento. A Rússia e os países do Leste Europeu estão envolvidos na guerra na Ucrânia, a Argentina e a Turquia caíram de categoria por causa de instabilidades econômicas e a China enfrenta tensões com os EUA. “O Brasil está ganhando o jogo de W.O. Não há muita gente para competir”, afirmou Esteves. “O cenário está bom para nós.”
O banqueiro também destacou que pontos óbvios, mas que precisam ser lembrados de tempos em tempos: um grande mercado consumidor, uma democracia consolidada e boas relações diplomáticas com quase todos os países do mundo.
Questionado sobre a possibilidade de alguns riscos geopolíticos ganharem escala, Esteves disse não acreditar. Para ele, a guerra entre Rússia e Ucrânia está em uma “instabilidade estável”, o conflito entre Israel e Palestina não deve aumentar tanto e uma disputa entre China e EUA envolvendo Taiwan seria uma “barra alta” demais para ocorrer.
Juros nos EUA
Esteves afirmou também que o Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) está muito próximo do fim do ciclo de alta de juros. Para ele, pode haver algum ajuste, mas no momento a autoridade monetária americana já está mais preocupada com a possibilidade de apertar demais do que de fazer o movimento contrário. “As taxas nos EUA já estão inequivocamente reais, então algum efeito sobre a atividade vai acontecer. Pode ter uma leve recessão, ou não, é difícil dizer neste momento”.
Para o Brasil, ele disse que, dadas as incertezas externas e internas — como a questão fiscal —, o Banco Central está certo em manter o ritmo de corte de juros em 0,5 ponto porcentual por vez. Segundo ele, só o tempo dirá onde a taxa pode chegar ao final do atual ciclo. “Nesse ritmo de corte a gente vai descobrindo onde pode chegar, a partir do que está se entregando do lado fiscal.”, explicou.
Ele também concordou que será muito difícil atingir a meta de déficit zero em 2024, mas acredita que a estrutura do arcabouço fiscal precisa ser mantida. “O mercado espera déficit de 0,7%, 0,8% do PIB. Eu ainda acho que será menor, mas o importante é manter aquilo que foi institucionalmente aprovado.”, finalizou.
O que MONEY REPORT publicou