O PIB do Brasil deve crescer 2,84% neste ano e 3% em 2019, segundo projeções do mercado divulgadas na segunda-feira (2) pelo Banco Central. Trata-se de um “crescimento fácil” por uma série de motivos: a recessão dos últimos anos tornou a base de crescimento baixa e o nível de ociosidade da capacidade instalada e o desemprego estão elevados. O primeiro está pouco abaixo de 90% e o segundo, 12,6%. Nesse cenário, basta que o setor produtivo “ligue as máquinas” que estão paradas e contrate trabalhadores para que a produção aumente – e consequentemente o PIB reaja.
Crescer a partir desses motores tem uma limitação clara: quando a capacidade instalada chegar ao limite e o contingente de desocupados diminuir, de onde sairá o crescimento? De lugar nenhum. Crescimento sustentável depende do aumento de dois indicadores: investimento e produtividade. Para crescer a uma taxa de 4% de forma consistente, o nível de investimentos no Brasil terá que sair dos atuais 15,6% para 21% do PIB – e a produtividade crescer 2,3% ao ano. Os cálculos são do banco Santander e mostram o tamanho do desafio. “É um ritmo de crescimento que o país não consegue sustentar desde a década de 70”, diz Maurício Molon, economista-chefe do Santander.
Caso esses dois indicadores – investimentos e produtividade – não subam, a inflação aumenta, o que levará o Banco Central a aumentar os juros, esfriando a economia. Essa é a sina da economia brasileira desde os anos 80 – e é daí que economistas apelidaram o ritmo de crescimento da economia brasileira como um “voo de galinha”, ou seja, baixo e de curta duração. “Sem aumentos de produtividade, a retomada do crescimento estará comprometida”, diz Molon.