Elevação foi confirmada e, com a proximidade da campanha municipal, prejudica o prefeito Nunes, que mantém a tarifa nos ônibus e institui tarifa zero aos domingos
Aumento de tarifas nos transportes às vésperas de eleições são um problema para candidatos e seus partidos – e a população, claro. É o ocorre em São Paulo, entre o prefeito Ricardo Nunes (MDB) e o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), que de uma hora para outra se encontram em polos antagônicos, apesar de terem ensaiado uma aliança. Congelada há três anos, a elevação das passagens de R$ 4,40 para R$ 5,00 foi confirmada pela assessoria do governador, na tarde desta quinta-feira (14). Considerada inevitável, a decisão é repleta de contorno políticos e eleitorais.
Sob gestão estadual, o transporte metropolitano sobre trilhos (trens e metrô) é um ponto fraco da administração Tarcísio, com repetidas falhas na concessionária Via Mobilidade, responsável pelas linhas 8-Diamante e 9-Esmeralda. Foram registradas mais de 166 falhas em 2023.
Os problemas constantes com as linhas concessionadas e a resistência política dos metroviários à privatização da companhia estadual de saneamento (Sabesp) afetam o deslocamento de milhões de paulistas. A elevação das tarifas de trens e metrô só pioraria o clima, porém prejudicaria mais Nunes neste momento, mesmo não sendo responsabilidade dele.
Tarcísio alega, com alguma razão, que a falta de reajuste prejudica também as empresas públicas Metrô e CPTM. No final de novembro, o governador afirmou: “A tarifa está congelada há muito tempo e a gente tem que começar a fazer conta. Ou eu repasso alguma coisa para a tarifa ou a gente permanece com ela congelada e eu aumento o subsídio. Quanto mais tempo a tarifa ficar congelada, mais subsídio a gente vai ter”. Mesmo assim, o subsídio continuaria. A inflação desde o congelamento foi de 26%, o que daria R$ 5,55, enquanto a nova passagem subiria 13,6%.
Na outra ponta está o prefeito Nunes, que por almejar a reeleição, gostaria que a tarifa ficasse congelada por mais um ano. Só há um detalhe. Se a tarifa ficasse congelada por tanto tempo, o aumento chegaria em algum momento em 2025, próximo demais da corrida eleitoral para governador, a qual Tarcísio deve tentar a reeleição.
Em desvantagem, já que o governo estadual faz a gestão do transporte sobre trilhos, Nunes tratou de providenciar algum controle de danos. Nesta quinta (14), anunciou que não aumentará o valor das passagens de ônibus. Antes, decidiu pela tarifa zero nos ônibus da capital aos domingos, a partir de 17 de dezembro. A bondade vai atingir 1.175 linhas operadas por 4.830 ônibus. A cidade de São Paulo também terá tarifa zero no Natal, Ano Novo e Aniversário de São Paulo, em 25 de janeiro.
O que MONEY REPORT publicou
- Vamos continuar as privatizações, diz Tarcísio sobre greve do Metrô e CPTM
- Paralisação afeta funcionamento de trens e metrôs
- Capital paulista anuncia passe livre nos ônibus aos domingos
- Greves no Metrô, CPTM e Sabesp acabam após recuo de sindicatos
- SP tem 9 linhas do Metrô e da CPTM afetadas com a greve
- Comércio perdeu R$ 81 milhões em greve de 32 horas do Metrô SP
- Colisão entre trens provoca caos no transporte de SP