As medidas rigorosas provocam descontentamentos crescentes
As duas maiores cidades da China, Xangai e Pequim, reforçaram as restrições contra a covid-19 nesta segunda-feira (9), em um esforço para conter a disseminação do vírus, mesmo enfrentando crescente ressentimento entre os moradores das cidades, que sofrem com enfraquecimento econômico.
Moradores de pelo menos quatro dos 16 distritos de Xangai receberam avisos de que não poderão mais sair de casa ou receber entregas, pois a cidade trabalha para atingir a meta de zero infecções na comunidade.
Em Pequim, as autoridades ordenaram que os moradores dos distritos mais atingidos da cidade – incluindo o distrito mais populoso de Chaoyang – trabalhem em casa enquanto várias estradas, rotas de transporte público e parques foram fechados.
Chaoyang e Shunyi – os dois distritos de Pequim no centro das últimas infecções – estão paralisados. Os moradores foram instruídos a ficar em casa e os habitantes de outras áreas da cidade proibidos de entrar nas zonas afetadas. Todos os serviços de transporte público em Chaoyang – que abriga quase 4 milhões de pessoas e muitos complexos comerciais – foram interrompidos, e os funcionários de escritório estão trabalhando em casa.
As medidas rigorosas provocaram um descontentamento crescente entre os moradores, alguns dos quais com suspeita de infecções são forçados a entregar as chaves de suas casas e entrar em uma instalação de quarentena centralizada.
O país viveu o pico de casos da doença em abril deste ano, quando registrou uma média de 21,2 casos de covid por milhão de habitantes. Hoje, segundo o site Our World in Data –que compila dados da pandemia–, o número de infecções está em queda. No domingo (8), registrou média de 8,4 casos por milhão de habitantes.
Mortes
547. Esse é o número total de mortes que a cidade de Xangai relatou desde o início de seu atual surto em março. As mortes relatadas no surto em andamento na cidade agora representam mais de 10% de todas as mortes por covid-19 que a China relatou desde o início da pandemia. Pequim ainda não relatou uma única fatalidade de seu surto atual.
Economia
O bloqueio em curso no centro financeiro da China teve um grande impacto na economia chinesa, com o país relatando um declínio acentuado no crescimento das exportações em abril. As exportações aumentaram 3,7% ano a ano, para US$ 273,6 bilhões em abril, uma queda acentuada em relação ao crescimento de 15,7% relatado um mês antes. A demanda enfraquecida significou que o crescimento das importações ficou em 0,7%, ligeiramente abaixo do 1% do mês anterior.