Preços das commodities foram abalados pelas sanções à Rússia e pela turbulência logística, que bloqueou os fluxos de grãos e de metais
Os preços das commodities dispararam nesta segunda-feira (7), com compradores e comerciantes industriais lutando para obter matérias-primas atingidas por interrupções no fornecimento causadas pela invasão da Ucrânia pela Rússia.
O níquel subiu 30%, a platina atingiu um recorde e o ouro ultrapassou US$ 2.000 a onça no apelo de refúgio, enquanto o petróleo e o trigo saltaram para máximas de 14 anos.
Guerra
A invasão da Rússia foi condenada em todo o mundo, fez mais de 1,5 milhão de ucranianos fugirem para o exterior e desencadeou sanções abrangentes que isolaram a Rússia em um grau nunca antes experimentado por uma economia tão grande.
Os mercados de commodities foram abalados não apenas pelas duras sanções ocidentais à Rússia, que podem ser ampliadas para incluir o petróleo, mas também pela turbulência logística que bloqueou o fluxo de grãos e metais da região. A alta nos preços das matérias-primas despertou preocupações sobre o crescimento econômico em países que ainda se recuperam da pandemia de covid-19.
Produtos
Os preços do petróleo dispararam depois que os Estados Unidos e aliados europeus comunicaram estarem considerando proibir as importações de petróleo russo. O petróleo Brent subiu 17,8%, para US$ 139,13 o barril, seu maior valor desde julho de 2008, quando atingiu um recorde de US$ 147,50.
Analistas do JPMorgan informaram que o petróleo pode subir para US$ 185 este ano, enquanto analistas do Mitsubishi UFJ Financial Group Inc disseram que pode subir para US$ 180 e causar uma recessão global.
Preocupações com a proibição do petróleo também abalaram os preços do gás na Europa, que atingiram recordes. O pânico estimulou os investidores a se protegerem em ouro, considerado um porto seguro da turbulência em outros mercados. O ouro à vista atingiu US$ 2.002,40, o maior desde agosto de 2020.
As participações do maior fundo negociado em bolsa lastreado em ouro do mundo, SPDR Gold Trust, subiram 0,4%, para 1.054,3 toneladas na sexta-feira – a maior desde meados de março de 2021.
Minerais
O paládio subiu 15% para um pico histórico de US$ 3.440 a onça por temores de escassez do metal usado pelas montadoras em conversores catalíticos, já que a Rússia responde por 40% da produção global.
Os metais industriais também subiram, liderados pelo níquel, que subiu mais de 30% à medida que as cadeias de suprimentos globais tentavam precificar na possível ausência de suprimentos da Rússia, o terceiro maior produtor de níquel. A Rússia responde por 7% da produção global de minas de níquel e 6% da produção mundial de alumínio.
Os futuros de ferrosos chineses também ganharam terreno, com o minério de ferro atingindo uma alta de seis meses depois que uma previsão econômica pessimista no fim de semana elevou as expectativas de mais gastos com infraestrutura na segunda maior economia do mundo.
Agricultura
Nos mercados agrícolas, os futuros do trigo de Chicago subiram mais de 6%, atingindo o máximo de 14 anos, com os comerciantes preocupados com o impacto do conflito na Ucrânia sobre os suprimentos da Rússia, o maior exportador mundial de trigo, e da Ucrânia.
Com os portos ucranianos fechados e os operadores relutantes em comercializar trigo russo em face das sanções financeiras ocidentais, os compradores estão tentando encontrar fornecedores alternativos.
Rússia e Ucrânia juntas respondem por cerca de 29% das exportações globais de trigo e 19% das exportações de milho.
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