Apesar de avanços, a segunda maior economia do mundo enfrenta desafios significativos, incluindo pressões deflacionárias, menor consumo interno e a fragilidade do setor imobiliário
A economia da China registrou um crescimento de 5% em 2024, impulsionada pelas exportações e por medidas de estímulo econômico, conforme anunciado nesta sexta-feira (17) pelo governo chinês. Embora o ritmo tenha sido inferior ao do ano anterior, o resultado do Produto Interno Bruto (PIB) alcançou a meta estabelecida pelo governo do país.
No último trimestre de 2024, entre outubro e dezembro, a economia chinesa cresceu 5,4%, de acordo com dados divulgados pelo Bureau Nacional de Estatísticas. Esse desempenho foi atribuído, em parte, à aceleração das exportações, alimentada pela corrida de empresas e consumidores para antecipar compras diante da possibilidade de novas tarifas comerciais por parte do governo dos Estados Unidos, sob a liderança do presidente eleito Donald Trump.
Crescimento impulsionado por políticas de estímulo
O Bureau Nacional de Estatísticas destacou que “a economia nacional foi estável em geral, com progresso constante, e foram alcançados novos avanços no desenvolvimento de alta qualidade”. Segundo o órgão, um pacote de políticas de estímulo adotadas de forma gradativa contribuiu para fortalecer a confiança social e impulsionar a recuperação econômica.
A indústria manufatureira desempenhou um papel central no crescimento, com um aumento de 5,8% na produção industrial em relação a 2023. Já o varejo registrou uma alta de 3,5% nas vendas totais de bens de consumo. As exportações cresceram 7,1%, enquanto as importações aumentaram 2,3% no mesmo período.
Apesar desses avanços, a segunda maior economia do mundo enfrenta desafios significativos, incluindo pressões deflacionárias, menor consumo interno e a fragilidade do setor imobiliário, que anteriormente era um dos principais motores da economia.
População em declínio
Outro fator que pressiona o crescimento é o declínio populacional. Em 2024, a população chinesa caiu pelo terceiro ano consecutivo, chegando a 1,408 bilhão de pessoas, uma redução de 1,39 milhão em relação a 2023. O envelhecimento da população e o aumento do custo de vida têm levado os jovens a adiar ou evitar casamento e filhos, agravando os efeitos de políticas de controle de natalidade implementadas no passado.
Medidas para sustentar a economia
Para enfrentar os desafios, o Partido Comunista da China adotou diversas medidas de estímulo, incluindo a redução dos percentuais obrigatórios de reservas dos bancos, cortes nas taxas de juros e o adiantamento de bilhões do orçamento de 2025 para projetos de infraestrutura. Além disso, Pequim ordenou que os bancos oferecessem crédito a desenvolvedores imobiliários endividados, buscando estabilizar o setor.
O governo também ampliou programas de incentivos ao consumo e aumentou os salários de milhões de trabalhadores do setor público. Contudo, redes de segurança social limitadas continuam levando as famílias a priorizar a poupança em detrimento do consumo. A queda nos preços dos imóveis e a fraca valorização das ações também afetaram negativamente a riqueza das famílias.
Perspectivas futuras
Em 2023, a economia chinesa cresceu a uma taxa anual de 5,2%. Economistas preveem uma desaceleração maior nos próximos anos, com a combinação de desafios demográficos, pressões internacionais e limitações estruturais internas representando obstáculos ao crescimento sustentado.