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Por que os investimentos no Brasil estão diminuindo?

O resultado do Produto Interno Bruto trimestral, para variar, pegou alguns economistas de surpresa, que imaginavam números ainda piores. O crescimento de 0,1 % foi superior ao que se imaginava entre os analistas de mercado – mas isso mostra uma clara desaceleração da economia nacional. Além disso, há um dado que chama atenção dentro do caldeirão de estatísticas utilizadas para calcular a geração de riquezas do país: os investimentos no Brasil recuaram pelo quarto trimestre consecutivo (queda de 2,5 % de agosto a outubro).

A explicação mais ouvida por economistas – e também dentro do governo – é a de que os juros continuam altos e tal cenário impede que recursos sejam desviados do mercado financeiro e utilizados na expansão de negócios. Apesar das recentes quedas da Selic promovidas pelo Banco Central, há um detalhe importante, que faz a diferença: a expectativa de inflação caiu cerca de dois pontos percentuais, quando comparamos os números atuais com os do início do ano. Quando a Selic, assim, é confrontada com a inflação, percebe-se que os juros reais continuam no mesmo patamar de antes.

Tal raciocínio vai turbinar novamente a pressão do governo em cima do presidente do BC, Roberto Campos Neto. Espera-se um alinhamento total entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a presidente do PT, Gleisi Hoffman, e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, no intuito de pressionar Campos Neto. Entre os três, porém, haverá uma diferença no tom e na extensão das críticas. Gleisi vai estrilar muito, Lula cutucará sem tanta agressividade e Haddad será discreto em suas ponderações. Mas o conteúdo será o mesmo: os juros precisam baixar em uma velocidade mais rápida. Ocorre que o cenário internacional ainda está incerto e pode ser que os juros americanos subam no ano que vem. Se isso acontecer, a margem de manobra para a queda de taxas no Brasil será menor.

Mas existe uma razão fora das planilhas para explicar a diminuição dos investimentos empresariais nos últimos quatro trimestres – a desconfiança, que pode ser dividida em três segmentos.

A primeira parte desta descrença é dirigida à capacidade de o governo federal refrear os gastos públicos e se manter responsável do ponto de vista fiscal. Além disso, há uma preocupação constante por parte dos empregadores em relação à promulgação de regras antimercado por parte do Planalto.

Também existe desconfiança em relação aos reais efeitos da reforma tributária, que ainda não foi aprovada em sua versão final. Muitos empresários simplesmente ainda não entenderam o que poderá acontecer com seus mercados depois que entramos em um novo regime fiscal. Diante da dúvida, assim, preferem esperar.

Por fim, temos uma velha conhecida dos brasileiros, que nos últimos tempos tem aparecido com maior frequência – a insegurança jurídica. Para piorar o cenário, o Supremo Tribunal Federal decidiu recentemente que poderá reabrir processos já decididos em disputas tributárias entre o setor privado e a União. Como o STF disse que a Secretaria da Receita Federal terá o poder de ressuscitar processos já mortos e enterrados, muitos empresários estão pensando duas vezes antes de patrocinar projetos de expansão.

Só houve, na história recente, outro momento em que ficamos doze meses seguidos com retração nos investimentos: no governo de Dilma Rousseff. Foi uma época em que o déficit público explodiu, a expansão do Estado bateu recorde e regras de mercado (como na área de energia elétrica) foram desrespeitadas. Os atuais donos do poder ainda não chegaram ao mesmo patamar dos anos Dilma. Mas, a julgar pelo andar da carruagem, podem estar indo nessa mesma direção.

O brasileiro é, antes de tudo, um otimista. Mas também é um pragmático e pensa muitas vezes antes de assinar um cheque polpudo. Nesse exato momento, quase todos os grandes projetos de expansão estão engavetados, o que não é bom para o Brasil. Afinal, o crescimento futuro da nação depende dos investimentos que serão feitos nas empresas. O governo precisa se mexer para reverter esse quadro – sob pena de ver um futuro cada vez mais minguado batendo à porta dentro em breve.

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