Secas, inundações e alta demanda global impulsionam custos do grão a níveis inéditos em quase 50 anos
O mercado global de café enfrenta uma alta histórica nos preços, atingindo os níveis mais elevados em quase 50 anos. A escassez do produto, provocada por eventos climáticos extremos, como secas severas e inundações em regiões produtoras-chave, tem impulsionado o custo do grão e gerado preocupação no setor.
A produção de café, altamente dependente de condições climáticas favoráveis, enfrenta desafios crescentes. A escassez do café arábica, que representa cerca de 57% da produção mundial, é particularmente preocupante. O Brasil, maior exportador dessa variedade, sofreu uma seca severa em 2024, comprometendo a colheita que normalmente ocorre entre maio e setembro. Essa situação também pode impactar a produção de 2025.
No Vietnã, as condições climáticas adversas afetaram as reservas de robusta, a segunda variedade mais popular, amplamente utilizada em misturas de café instantâneo. Esses fatores têm intensificado a volatilidade dos preços no mercado global.
Evolução dos preços
Desde novembro de 2024, o preço do café arábica no mercado atacadista subiu mais de 30%, com os futuros do grão ultrapassando US$ 3,30 por libra em dezembro. Especialistas preveem que os preços permanecerão elevados até pelo menos 2026, enquanto as lavouras se recuperam dos impactos climáticos.
O aumento da demanda global também tem contribuído para a alta. Na China, o consumo de café cresceu mais de 60% nos últimos cinco anos, refletindo uma tendência crescente entre os consumidores. Além disso, gargalos na cadeia de suprimentos causados pela pandemia de covid-19 e instabilidade política na América do Sul também pressionaram os custos.
Reações da indústria
Empresas do setor estão ajustando suas estratégias para lidar com o cenário desafiador. A Nestlé, maior fabricante de café do mundo, anunciou planos para reajustar preços e reduzir o tamanho das embalagens. A J.M. Smucker também confirmou aumentos em suas marcas populares.