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Previsões do PIB: mais uma vez, os economistas erram

Nos últimos tempos, os economistas brasileiros têm se notabilizado por errar em suas previsões sobre o vai-e-vem do Produto Interno Bruto. Ao final de 2018, por exemplo, o consenso entre os analistas era de que o país, com a eleição de Jair Bolsonaro, cresceria 2,55 % no ano seguinte. Mas a expansão do PIB foi de 1,2 %. No início deste ano, essas previsões estavam em 0,8 % de aumento na geração de riquezas nacionais. No cômputo dessa média, porém, havia quem apostasse em um índice de 0,2 % ou mesmo quem cravasse que este seria um ano de recessão. Nos últimos dias, porém, o Fundo Monetário Internacional revisou a sua expectativa para a performance da economia brasileira: os analistas do FMI apostam em um salto de 3,1 %.

Percebe-se que pode existir um fator ideológico que interfere nas previsões de economistas. Afinal, apostava-se em um crescimento muito maior com Bolsonaro e muito menor com Luiz Inácio Lula da Silva. Mas as explicações para esse festival de erros (que se repetiram em 2021 e em 2022) extrapolam a questão ideológica.

Um ponto importante, dentro desta equação, é a expansão do agronegócio, que ainda não é bem interpretada pelos economistas. A supersafra de 2023, combinada a uma alta nos preços internacionais das commodities, impulsionou o resultado dos produtores agrícolas. Mas os analistas ainda não compreenderam exatamente qual é a capacidade de o agro impulsionar a economia como um todo.

Não podemos também desprezar o efeito gerado pelo reajuste do salário-mínimo e o dos servidores federais. Apenas a correção de 9 % para os servidores públicos representou a injeção de R$ 10 bilhões na economia entre junho e dezembro.

Além disso, há o efeito de reformas feitas no passado, como a trabalhista e a da previdência – além de mudanças como a chamada MP da Liberdade Econômica, promulgada em agosto de 2019. A esse contingente de transformações invisíveis soma-se algumas centenas de medidas tomadas pela equipe do ex-ministro Paulo Guedes – em especial o ex-secretário Paulo Uebel – para desburocratizar e melhorar o ambiente de negócios.

A soma de todos esses fatores acabou sendo desprezada pelos economistas na ressaca provocada pela vitória de Lula.

O que vem espantando os analistas, porém, é a pujança do mercado de trabalho, que registrou em outubro uma taxa de desocupação de 7, 6 % (lembremos que em março de 2021 esse índice era de 14,9 % e, em outubro de 2022, de 8,3 %). O Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) também apresenta números que surpreendem os especialistas: são 44,22 milhões de trabalhadores empregados, o maior número absoluto da série histórica (o primeiro índice divulgado foi em 1966).

Para o ano que vem, os agentes do mercado apostam em um crescimento de 1,5 %, uma vez que os efeitos do agronegócio na economia não serão tão fortes como ocorreu neste ano. Mas, a essa altura do campeonato, depois de erros que se acumulam desde o final de 2020, alguém acredita nessas previsões?

Os números da economia brasileira surpreendem e podem passar a imagem de que está tudo bem.

Não está. O crescimento do PIB se deve a fatores de mercado, que ocorreram em meio a um flagrante descontrole fiscal, apesar dos esforços do ministro Fernando Haddad em mostrar boas intenções no controle das despesas públicas. Além disso, a sede do governo em arrecadar cada vez mais vai sufocando o setor empresarial, que está no limite de sua capacidade de contribuir (mesmo assim, a Reforma Tributária vai elevar alíquotas de alguns setores, como o turismo).

O crescimento acima das expectativas é uma boa notícia. Porém, nossa situação poderia ser muito melhor que a atual: imaginem onde poderíamos estar com juros baixos e uma política econômica alinhada às necessidades dos empresários. O Brasil estaria voando alto – e atraindo investimentos de todos os lados.

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