Setor automotivo dos EUA critica medida, apontando impactos na cadeia de suprimentos e nos consumidores
As montadoras de automóveis dos Estados Unidos alertaram nesta quarta-feira (5) que as novas tarifas de 25% sobre importações do Canadá e do México, impostas pelo presidente Donald Trump, devem causar um aumento expressivo nos preços dos veículos, podendo chegar a até 25% em alguns modelos.
A Aliança para Inovação Automotiva, entidade que representa quase todas as grandes montadoras do país, destacou que as novas tarifas terão impactos significativos no setor. “Todas as montadoras serão afetadas por essas tarifas sobre o Canadá e o México”, afirmou John Bozzella, presidente da associação. Entre os membros da entidade estão General Motors, Ford, Toyota, Volkswagen, Hyundai e Stellantis.
Impactos para consumidores e cadeia produtiva
Segundo Bozzella, o efeito dessas tarifas será imediato para consumidores e fabricantes. “O impacto negativo sobre o preço e a disponibilidade dos veículos será sentido quase que imediatamente”, declarou.
A medida do governo norte-americano coloca em risco a cadeia de suprimentos integrada da indústria automobilística na América do Norte, que opera há mais de 25 anos. O setor depende de um fluxo constante de peças e componentes que frequentemente cruzam fronteiras várias vezes antes da montagem final do veículo.
“Não é possível realocar a produção automotiva e a cadeia de suprimentos da noite para o dia. Esse é o desafio e o dilema: as tarifas automotivas na América do Norte podem acabar aumentando os custos para os consumidores antes que os empregos retornem ao país”, pontuou Bozzella.
Críticas e preocupações do setor
O CEO da Ford, Jim Farley, já havia se manifestado sobre o assunto no mês passado, alertando que a imposição de tarifas de 25% sobre o México e o Canadá poderia causar um grande impacto negativo no setor. “O que estamos vendo é muito custo, muito caos”, declarou.
Além das montadoras, a Associação Internacional Norte-Americana de Revendedores de Automóveis também expressou preocupação. O grupo ressaltou que os revendedores já enfrentam dificuldades devido ao aumento dos preços dos veículos e das peças, além das altas taxas de juros. “As tarifas poderiam contribuir diretamente para milhares de dólares a mais nos preços de etiqueta”, afirmou a entidade.
Reação do setor sindical
Por outro lado, a United Auto Workers (UAW), sindicato que representa trabalhadores da indústria automotiva, elogiou a decisão do governo Trump e destacou a expectativa de que novas medidas tarifárias sejam anunciadas em abril.
“Estamos satisfeitos por ver um presidente norte-americano tomar medidas agressivas para acabar com o desastre do livre comércio que caiu como uma bomba sobre a classe trabalhadora”, declarou o sindicato. “Estamos ansiosos para trabalhar com a Casa Branca para moldar as tarifas automotivas em abril para beneficiar a classe trabalhadora.”
