Taxa americana das blusinhas para pacotes de até US$ 800 atinge diretamente consumidores e favorece varejistas locais
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou uma nova ordem executiva que amplia significativamente a chamada “taxa das blusinhas”, medida que afeta diretamente empresas chinesas de varejo online, como Shein e Temu. De acordo com informações do site americano Axios, a decisão põe fim à isenção de impostos para encomendas internacionais de até US$ 800 — brecha amplamente utilizada por essas plataformas — e ainda triplica a tarifa originalmente prevista, elevando-a para até 90% do valor da remessa.
A medida entra em vigor em 2 de maio e faz parte de uma ofensiva mais ampla da Casa Branca contra importações chinesas, que ganhou novo fôlego com o aumento da tensão comercial entre as duas maiores economias do mundo. O plano original previa uma alíquota de 30% sobre pacotes de baixo valor, que subiria para 50% em 1º de junho. No entanto, com o agravamento da disputa, a tarifa foi antecipadamente elevada para 90%.
A nova política representa uma vitória para o varejo americano, especialmente para marcas como a Forever 21, que atribuem a perda de mercado e o fechamento de lojas à concorrência desleal de empresas como a Shein. “A capacidade de varejistas não americanos de vender seus produtos a preços drasticamente mais baixos para consumidores dos EUA impactou significativamente nossa base de clientes”, declarou Stephen Coulombe, co-diretor de reestruturação da Forever 21.
Por outro lado, críticos alertam que a medida, apesar de proteger empresas nacionais, deve pesar no bolso dos consumidores americanos, encarecendo os produtos populares vindos da China e aumentando o tempo de entrega. “É, na prática, um aumento de impostos para os consumidores”, afirmam especialistas.
A nova rodada de tarifas também faz parte de um pacote mais amplo anunciado por Trump no início de abril, que inclui taxas contra 180 países e tarifas específicas contra nações com as quais os EUA mantêm altos déficits comerciais. A China foi o principal alvo: as tarifas totais sobre produtos chineses agora chegam a 104%, após sucessivas elevações e a retaliação de Pequim, que também aumentou seus próprios impostos sobre produtos americanos em 34%.
A escalada tarifária intensifica ainda mais a já tensa relação comercial entre os dois países. A China afirmou que “não recuará” diante das pressões e prometeu “medidas firmes e contundentes” como resposta. Segundo analistas, o embate pode gerar impactos globais, inclusive no Brasil, que foi atingido por uma tarifa recíproca mínima de 10%, mas deve sofrer efeitos colaterais devido à desaceleração do comércio global.
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