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Um retrocesso chamado Guido Mantega

O. K., vamos admitir: o ex-ministro Guido Mantega não é o único responsável pela catástrofe econômica que ocorreu no primeiro mandato de Dilma Rousseff, quando ele era o titular da Fazenda. A ex-presidente também tem culpa nesse cartório, pois era a mentora de um projeto econômico sem pé nem cabeça, que conseguiu a primazia de promover inflação e recessão ao mesmo tempo. Lembremos: a inflação em 2015 chegou a 10,67% e a taxa de desemprego, quando Dilma deixou o poder, estava em 10%.

Mas Mantega defende a política econômica realizada em seus tempos de ministério. Em 2022, ele disse o seguinte: “Vou demonstrar que os governos Lula e Dilma iniciaram a construção de um Estado de bem-estar social que está sendo destruído pelo governo Bolsonaro”. Para ele, o único problema da gestão Dilma foi político. “Ela não tem a paciência que a política exige que a gente tenha para conversar e atender as pessoas mesmo quando você não gosta do que elas estão falando”, afirmou.

Essa visão é compartilhada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que quer colocar Mantega na Vale do Rio Doce. Lula quer recompensar a fidelidade de seu correligionário com o cargo de CEO da Vale, mas já percebeu que não será tarefa das mais fáceis. Por isso, neste momento, prefere colocá-lo como conselheiro da empresa, uma vez que a Previ (fundo de pensão do Banco do Brasil) tem direito a duas cadeiras no Board da companhia. Mas, mesmo que consiga emplacar o ex-ministro como conselheiro, seu objetivo será o de nomeá-lo presidente da Vale.

Haverá resistência dos demais acionistas principais – especialmente porque o governo tem hoje uma fatia menor, uma vez que o BNDES se desfez de boa parte de sua participação durante o governo de Jair Bolsonaro.

O sinal que Lula mandará para a sociedade se conseguir viabilizar Mantega na Vale será muito ruim: uma espécie de confirmação de que, para o presidente, o controle dos gastos públicos é algo supérfluo. E que o ex-ministro não tem culpa alguma na condução de uma das mais calamitosas gestões econômicas de todos os tempos. Enfim, um verdadeiro retrocesso.

A recompensa, caso Mantega seja ungido conselheiro, é razoável: o salário de quem ocupa um assento no Board da empresa chega a ultrapassar R$ 100 000 mensais. Mesmo assim, ainda é pouco perto do que ganha o CEO da Vale. Em 2021, Eduardo Bartolomeo embolsou R$ 55,1 milhões, considerado naquele ano a segunda maior retirada de um presidente de empresa.

Caso se transforme em comandante da empresa – um cargo que nunca exerceu em seus 74 anos de vida –, Guido Mantega será um homem rico. E vai gerar uma boa receita para o partido. Como assim? Uma resolução do PT, divulgada em julho de 2023, estabelece que filiados que exerçam cargos de confiança deverão contribuir para a agremiação com 8 % de sua renda, caso o indivíduo ganhe mais que vinte salários-mínimos. Mas vamos dizer que a posição de CEO da Vale não seja exatamente um cargo de confiança dentro de uma estrutura de governo. Neste caso, o estatuto do PT prevê uma contribuição semestral de 6 % sobre os vencimentos do período para quem recebe acima de seis salários-mínimos.

Façam as contas. Nada mal, não?

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