Alckmin reforçou que a reforma é uma “obsessão” do governo e que estaria na hora de reduzir o custo do dinheiro
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu, nesta quarta-feira (14), Uma comitiva de empresários do varejo esteve no Palácio do Planalto nesta quarta-feira (14) para reapresentar algumas das velhas demandas do setor. Os temas foram o alto nível dos juros no Brasil, a concessão de crédito, a lealdade concorrencial no setor e a reforma tributária. Eles foram recebidos pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e pelo vice e ministro do Desenvolvimento, Geraldo Alckmin.
Foi uma conjunção. Com as perspectivas econômicas melhorando um pouco acima do esperado, governo e empresários querem a queda dos juros. Ao final do encontro, Alckmin afirmou que “não há razão” para o atual patamar da Selic. “O juro não está parado, o juro real está subindo há vários meses, porque à medida em que fica parada em 13,75% a Selic e a inflação está caindo, o juro real está subindo no Brasil sem nenhuma razão para isso. Não há demanda crescente, pelo contrário, acabamos de verificar agora nos últimos números do varejo um não crescimento”, disse.
A decisão de manutenção da Selic é criticada pelo governo federal, que cobra uma redução por parte do Banco Central para impulsionar a economia.
Os representantes dos varejistas esperam uma regressão no curto prazo. “Sabemos que o Banco Central tem o rito para que isso ocorra. Notamos que vários programas que serão bons para o varejo, para o mercado, dependem disso, não só a questão da Selic, do Banco Central, mas o juro praticado no cartão de crédito, que é muito elevado, e que é o próprio mercado que determina”, disse o presidente do Instituto para Desenvolvimento do Varejo (IDV), Jorge Gonçalves Filho.
Estavam presentes na reunião com o presidente Lula, representantes de Magazine Luiza, Saint-Gobain, Grupo Mateus, Livraria Cultura, Ri Happy, Lojas Renner, Caedu, McDonald’s, Mundo Cabelereiro, Pague Menos, Petz, Quero-Quero, RaiaDrogasil, Óticas Carol, Grupo Boticário, Telhanorte, Grupo Pão de Açúcar, Grupo Soma e Carrefour. Além de representantes do IDV, a União Geral dos Trabalhadores (UGT) participou do encontro, assim como a presidente da Caixa Econômica Federal, Rita Serrano, e os diretores do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Teresa Campello e Nelson Barbosa.
Crédito
Segundo Alckmin, os pontos da reforma tributária foram debatidos de maneira muito positiva e o presidente Lula reiterou que “a obsessão” do governo é a geração de emprego e renda no país. O presidente do IDV disse que a entidade colaborará nas negociações “mostrando como é o varejo na ponta”.
Gonçalves Filho destacou que as vendas no varejo tiveram uma regressão “não muito forte” no primeiro quadrimestre do ano. “Aquele velho triângulo: renda, emprego e crédito. Então, vamos ajudar na questão do crédito. Pelas medidas que ouvimos, que estão aí para serem anunciadas, deve melhorar [a atividade produtiva] e acreditamos que o varejo terá um melhor segundo semestre”, disse.
Para o presidente do IDV, a reunião foi produtiva. “As iniciativas que o governo já tomou na questão da cross border [comércio transfronteiriço] do varejo digital, das grandes possibilidades que têm de fomentar o varejo através do crédito, da colaboração no Programa Desenrola [de renegociação de dívidas], da questão da empregabilidade do varejo, podem multiplicar a questão do primeiro emprego, já que o varejo é o maior empregador do país”, disse Gonçalves Filho.
Comércio eletrônico
O governo federal trabalha em uma nova forma de cobrança de impostos em remessas internacionais. Segundo Geraldo Alckmin, a importação de produtos sem pagar imposto chegou a quase R$ 70 bilhões em 2022, quase 1% do Produto Interno Bruto (soma dos bens e dos serviços produzidas no país). “É dever do governo manter uma concorrência leal. [A importação sem pagamento de impostos] não prejudica só o comércio instalado, prejudica também a indústria brasileira”, disse.
Segundo o presidente do IDV, o governo e o setor varejista também trabalham na elaboração de plano de conformidade. “Para que as empresas estrangeiras, plataformas digitais e comércio estrangeiro que estejam no Brasil participem, invistam e paguem os impostos. Então, não queremos nada mais do que ser isonômico em termos de competição”, disse, explicando que o plano deve entrar em vigor em julho.