WASHINGTON (Reuters) – Um dos principais assessores comerciais do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse neste domingo que haverá um processo para que empresas obtenham isenções do plano da Casa Branca de impor tarifas sobre o aço e alumínio, oferecendo a primeira indicação de que o aumento de tarifas poderá ser menos amplo do que inicialmente pensado.
Peter Navarro, diretor do Conselho Nacional de Comércio da Casa Branca, afirmou que os países não serão excluídos das tarifas porque essa seria uma inclinação escorregadia, mas destacou que haverá um mecanismo para isenções corporativas em alguns casos.
“Haverá um procedimento de isenção para casos específicos em que precisamos ter isenções, para que os negócios possam avançar”, disse Navarro no programa “State of the Union” da CNN.
O cenário de possíveis exceções veio após o anúncio surpresa de Trump na quinta-feira e o agressivo lobby das empresas contra as tarifas, protesto de parceiros comerciais dos EUA e críticas de outros republicanos.
Trump falou com líderes mundiais sobre os aumentos tarifários planejados, mas não deu indícios de que permitiria isenções, disse o secretário do Comércio, Wilbur Ross, neste domingo.
Navarro não deu detalhes sobre o procedimento de isenção e a Casa Branca não retornou imediatamente a um pedido por comentários.
Na quinta-feira, Trump disse que os Estados Unidos aplicariam uma taxa de 25 por cento sobre o aço importado e de 10 por cento sobre o alumínio para proteger os produtores nacionais.
Ross disse que Trump conversou com vários líderes mundiais desde o anúncio, que chocou os parceiros comerciais dos Estados Unidos, alarmou líderes da indústria norte-americana e deteriorou os mercados acionários.
Ross também afirmou que ainda não havia indícios de que Trump consideraria isenções para países, mas não descartou esta possibilidade.
“Nós veremos. O presidente toma a decisão”, disse ele ao programa “Meet the Press”, da NBC.
O Canadá, maior fornecedor de aço aos Estados Unidos, está tentando garantir uma exceção a potenciais tarifas norte-americanas sobre o aço e ameaçou uma retaliação se o plano for adiante.
Ross minimizou os possíveis efeitos das tarifas propostas sobre a economia dos EUA, dizendo que representam uma fração de 1 por cento da economia. “Então a noção de que isso destruiria muitos empregos, elevaria os preços, perturbaria as coisas está errada”, disse Ross ao programa “This Week”, da ABC.
O secretário de Comércio avaliou as ameaças da União Europeia de implementar tarifas de retaliação sobre produtos norte-americanos emblemáticos, incluindo motos Harley Davidson, bourbon e o jeans Levi’s, que disse que chegavam a 3 bilhões de dólares, como triviais e um “erro de arredondamento”.
No sábado, Trump ameaçou montadoras europeias com uma tarifa sobre importações se a União Europeia retaliar.
Vários republicanos, incluindo líderes do Congresso, pediram que ele recuasse nas tarifas.
Josh Bolten, presidente-executivo do influente Business Roundtable e ex-chefe de gabinete do presidente George W. Bush, descreveu as tarifas como um “grande erro” no programa “Fox News Sunday”.
Bolten disse que concorda que o excesso de produção de aço da China prejudicou as siderúrgicas norte-americanas e custou empregos, mas ressaltou que as tarifas propostas por Trump não atacariam o problema, uma vez que a China responde por apenas 2 por cento das importações de aço dos EUA.
“Você está deixando a China de fora. A China se beneficia quando estamos brigando com a Europa”, avaliou a senadora republicana Lindsey Graham à Fox.
(Por Doina Chiacu e Valerie Volcovici)