Por Lisandra Paraguassu
BRASÍLIA (Reuters) – O ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, disse nesta quarta-feira que o governo tem um limite para a votação da reforma da Previdência, em fevereiro, e precisa ter um momento para parar a “batalha”.
“Temos uma batalha que temos que ter um momento para parar. Na nossa visão esse momento é fevereiro”, disse o ministro em entrevista coletiva no Palácio do Planalto.
O ministro foi questionado diretamente se o governo desistiria de ir para a votação se não tivesse todos os 308 votos necessários, mas evitou responder. Disse que não poderia “racionar com a não aprovação” e que o governo está fazendo todo o possível para ter os votos.
“Não podemos ficar com esse pauta de forma indefinida. O presidente tem dito que quer em fevereiro encerrar esse assunto e nós estamos fazendo de tudo para votar e provar”, afirmou. “A posição do governo é de liquidar esse tema em fevereiro. Queremos votar e estamos trabalhando o máximo possível para ter os 308 votos.”
Por se tratar de uma Proposta de Emenda à Constituição, a reforma da Previdência precisa dos votos de pelo menos 308 dos 513 deputados para ser aprovada na Câmara.
Neste momento, o Planalto admite que não tem os votos necessários para colocar o tema em votação. A conta é de 270 deputados favoráveis e cerca de 70 indecisos, mas o governo não tem avançado na adesão.
Como mostrou a Reuters, o governo chegou a cooptar o apoio de empresários e agentes do mercado, distribuindo uma lista de indecisos para que fossem pressionados para se definir pela resposta. Padilha confirmou a ajuda das confederações de indústria, mas disse não saber dizer qual o efeito disso.
“O que ouvimos é muito positivo, mas eu tenho muito cuidado com isso. Se não pela conta já temos uns 400 votos”, disse.
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), tem dito que não coloca o texto em votação se não tiver a certeza da aprovação. Alguns auxiliares de Temer defendem que se coloque em pauta de qualquer forma. Segundo Padilha, é Maia quem deverá dizer se o texto será votado ou não. A votação está marcada para a semana de 19 de fevereiro.
CANDIDATO ÚNICO
Padilha voltou a defender que o governo tenha um candidato único da base para defender o que chamou de legado de Michel Temer, mas afirmou que ainda não há uma definição.
“O tempo vai dizer como serão as candidaturas. Os pré-candidatos da base hoje são Henrique Meirelles e Rodrigo Maia. Estamos esperando a reação”, afirmou, referindo-se às pesquisas em que ambos aparecem com resultados entre 1 e 2 por cento das intenções de voto.
O MDB, no entanto, não desistiu de ter um candidato próprio, se nenhum dos dois decolar. O partido chegou a fazer uma lista de 10 nomes, incluindo os governadores do partido, como possíveis candidatos. O mais forte nesse momento seria Paulo Hartung, do Espírito Santo. No entanto, Padilha garante que não há uma definição.
Mais cedo, o ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, também defendeu uma candidatura única da base, mas admitiu a possibilidade de se apoiar alguém de fora, como o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, do PSDB.
“Eu defendo uma posição única do grupo, que pode ser uma candidatura do grupo ou pode ser o apoio a uma candidatura que, mesmo não sendo desse grupo que hoje compõe a base do governo, defenda propostas semelhantes ou iguais a que nós temos”, disse Marun a jornalistas no Rio de Janeiro. “Nesse momento a que se posiciona com essas características é a do governador Geraldo Alckmin.”
(Reportagem adicional de Maria Clara Pestre, no Rio de Janeiro)