Por Rodrigo Viga Gaier e Camila Moreira
RIO DE JANEIRO/SÃO PAULO (Reuters) – A taxa de desemprego no Brasil caiu a 12,7 por cento nos três meses encerrados em maio, mas num movimento marcado pelo desalento dos trabalhadores, que desistiram de procurar uma vaga diante da fraca atividade econômica e baixa confiança dos agentes econômicos.
A taxa de desemprego divulgada na sexta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) ficou 0,2 ponto percentual abaixo do resultado visto no trimestre até abril, ainda sem o impacto da greve dos caminhoneiros no final de maio.
“Não há nenhum sinal de impacto da greve dos caminhoneiros. Temos que aguardar o próximo mês”, afirmou o coordenador do IBGE, Cimar Azeredo.
No mesmo período do ano passado, o desemprego havia sido de 13,3 por cento. A expectativa em pesquisa da Reuters para o dado apurado pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua era de 12,6 por cento no trimestre até maio.
Os trabalhadores brasileiros continuaram mostrando forte desânimo, desistindo de procurar recolocação. Nos três meses até maio, o país registrava 65,413 milhões de pessoas fora da força de trabalho, contra 65,176 milhões no trimestre até abril.
“Há o aumento do pessoal fora da força e isso tem acontecido sistematicamente, num sinal claro de possível desalento de pessoas que tentam e tentam, mas não conseguem uma chance no mercado”, afirmou Azeredo.
O número de desempregados no período alcançou 13,235 milhões, contra 13,413 milhões nos três meses até abril e 13,771 milhões no mesmo período de 2017. Já o número de pessoas ocupadas em maio chegou a 90,887 milhões, frente a 89,687 milhões nos três meses até maio de 2017.
Outra fonte de preocupação é a contínua deterioração do emprego formal, com queda de 1,5 por cento nas vagas com carteira assinada, a 32,775 milhões.
A pesquisa mostrou ainda que o rendimento médio do trabalhador chegou a 2.187 reais nos três meses até maio, estável ante abril e 2.167 reais no mesmo período de 2017.
O mercado de trabalho vem mostrando dificuldade de recuperação diante da economia instável afetada pelas incertezas com a cena política a poucos meses da eleição presidencial, em outubro.
A confiança dos agentes econômicos em geral, já abalada diante desse cenário, sofreu novo golpe no final de maio com a greve dos caminhoneiros, que prejudicou o abastecimento e afetou a atividade econômica.