Por Claudia Violante
SÃO PAULO (Reuters) – Embora tenha fechado a quarta-feira praticamente estável, o dólar deu novo salto em maio, o maior desde setembro de 2015 e encostado no patamar de 3,75 reais, apesar da atuação mais forte do Banco Central no mercado cambial.
Se a política monetária norte-americana predominava no horizonte dos negócios no início do mês, o cenário doméstico ganhou força nas últimas semanas, com a greve de caminhoneiros expondo a fragilidade do governo e das contas públicas, além de antecipar a instabilidade eleitoral.
O dólar fechou com leve baixa de 0,07 por cento a 3,7367 reais na venda, acumulando em maio elevação de 6,66 por cento, a maior alta percentual desde setembro de 2015 (+ 9,33 por cento).
Foi o quarto mês seguido de valorização da moeda norte-americana, acumulando no período valorização de 17,50 por cento.
Na mínima desta sessão, a moeda marcou 3,6868 reais e, na máxima, 3,7684 reais. O dólar futuro tinha alta de 0,25 por cento.
“A volatilidade deve continuar elevada no exterior e, aqui, a especulação eleitoral deve ficar ainda mais forte”, avaliou o operador da corretora H.Commcor, Cleber Alessie Machado, para quem, desta forma, o BC acertou ao anunciar que continuará atuando no mercado de câmbio.
No começo da semana, a autoridade monetária antecipou que já estenderia seus leilões de swap tradicional –equivalente à venda futura de dólares– para junho, oferecendo papéis para a rolagem dos contratos com vencimento em julho, que somam 8,762 bilhões de dólares, e também contratos adicionais para dar liquidez ao mercado.
Nesta sessão, o BC fez leilão e vendeu todo o lote de até 15 mil novos swaps, movimento que não costuma fazer no último pregão do mês para não interferir na Ptax, mas considerou que a recente tensão dos investidores justificava sua ação.
A Ptax é uma taxa calculada pelo BC e usada na liquidação de diversos contratos cambiais e, no dia do seu fechamento mensal, os investidores tendem a “brigar” pela cotação mais favorável, o que pode adicionar mais vaivém aos mercados. [nEMN4ZKKNV]
O feriado de Corpus Christi, na quinta-feira, foi motivo de cautela para os investidores no mercado local, em meio às incertezas com o desfecho da paralisação dos caminhoneiros e também com o andamento da greve dos petroleiros. Isso impediu um recuo mais forte do dólar, acompanhando mais de perto o movimento externo.
(Edição de Patrícia Duarte e Iuri Dantas)