SÃO PAULO (Reuters) – A candidata à Presidência Marina Silva (Rede) iniciaria seu eventual governo com um programa de reformas Tributária e da Previdência, ao mesmo tempo em que romperia o chamado presidencialismo de coalizão que vigora desde 1998, disse nesta terça-feira o economista Andre Lara Resende.
Para ele, país precisa substituir o déficit fiscal por superávit primário da mesma magnitude, de cerca de 1,5 a 2 por cento do Produto Interno Bruto (PIB), no curtíssimo prazo.
“A discussão hoje é preocupantemente focada em reformas que deveriam ter sido feitas no século passado”, disse ele durante evento em São Paulo.
A questão tributária exige “simplificação” e “racionalização” e a Previdência precisa de uma abordagem que preveja equilíbrio atuarial, afirmou o ex-diretor do Banco Central, sem detalhar as propostas específicas para as questões.
O economista afirmou que é um “colaborador” do programa de governo de Marina na área econômica e que apresenta apenas o seu ponto de vista, ouvido pela candidata.
A aprovação das reformas pelo Congresso, porém, seria negociada de maneira diferente do que fizeram Fernando Henrique Cardoso, Luiz Inacio Lula da Silva, Dilma Rousseff e Michel Temer, na visão do economista.
“O passo número um é romper este pacto sobre o modo de fazer política”, disse. “Chegamos aqui por causa deste pacto do presidencialismo de coalizão, do loteamento das áreas não essenciais por interesses corporativos e patrimonialistas.”
Resende criticou alianças eleitorais com grupos de interesses corporativos e patrimonialistas, que estariam capturando o Estado, mas também não deu detalhes sobre como se daria a negociação com o Congresso para aprovar reformas.
Como exemplo de focos de captura do Estado por grupos tecnocráticos, Resende citou o Supremo Tribunal Federal (STF), o BC, o Tesouro Nacional e o Ministério da Fazenda.
“O Supremo está inviabilizado… politizou-se o Supremo”, afirmou.
Resende também criticou a reação do governo Lula à crise financeira de 2008. Segundo ele, era necessário estimular a economia via corte de juros e não por meio de gastos públicos, como foi feito. À época, o candidato do MDB, Henrique Meirelles, presidia a autoridade monetária.
(Por Iuri Dantas)