Por Steve Holland
WASHINGTON (Reuters) – O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciará nesta terça-feira se vai retirar seu país do acordo nuclear firmado com o Irã ou se o manterá filiado e trabalhará com aliados europeus que vêm se empenhando em convencê-lo de que o pacto conseguiu frear as ambições nucleares de Teerã.
Trump vem insistindo em suas ameaças de romper com o acordo de 2015 pelo fato de o pacto não tratar do programa de mísseis balísticos de Teerã nem de seu papel nas guerras da Síria e do Iêmen, além de não impedir o Irã de desenvolver armas nucleares de forma definitiva.
“Um homem em um país pode criar alguns problemas para nós durante alguns meses, mas superaremos estes problemas”, disse o presidente do Irã, Hassan Rouhani, em comentários transmitidos pela TV.
Líderes europeus alertaram que uma retirada dos EUA desfaria anos de um trabalho que proporcionou e sustentou um acordo histórico que vem mantendo as armas nucleares longe das mãos iranianas.
Uma eventual saída dos EUA também pode atiçar tensões em uma região assolada por conflitos interligados, entre eles a guerra da Síria, na qual a presença iraniana criou um atrito entre Teerã e Israel. Uma desfiliação também impactaria os mercados de petróleo devido ao papel do Irã como grande exportador.
“Este acordo… é um fator de paz e estabilização em uma região muito explosiva”, disse a ministra da Defesa francesa, Florence Parly, à rádio RTL.
Em um tuíte publicado na segunda-feira, Trump disse que fará um anúncio às 15h (horário de Brasília) desta terça-feira.
O Irã insinuou que sua economia não será afetada, aconteça o que acontecer, mas sua moeda, o rial, estava próxima de recordes negativos na comparação com o dólar no mercado livre, já que os iranianos estão tentando comprar moedas fortes por temer uma reviravolta financeira caso Trump rompa com o pacto nuclear.
“Estamos preparados para todos os cenários. Se a América sair do acordo, nossa economia não será impactada”, disse o presidente do Banco Central iraniano, Valiollah Seif, na televisão estatal.
(Reportagem adicional de Arshad Mohammed, Sybille de La Hamaide e John Irish, em Paris; Parisa Hafezi, em Ancara; e Bozorgmehr Sharafedin, em Londres)