Por Margarita Antidze e Hasmik Mkrtchyan
YEREVAN (Reuters) – O líder da oposição Nikol Pashinyan foi eleito primeiro-ministro da Armênia nesta terça-feira, coroando assim uma revolução pacífica impulsionada por semanas de protestos em massa contra a corrupção e o nepotismo na ex-república soviética.
Moscou, que tem uma base militar na Armênia, teme uma troca de governo descontrolada que afastaria o país de sua órbita, mas Pashinyan garantiu que não romperá com o Kremlin.
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, parabenizou Pashinyan por sua vitória.
A eleição de Pashinyan, um ex-editor de jornal que chegou a ser preso por fomentar tumultos, marca uma ruptura dramática com a série de governantes que comandaram a Armênia desde o final dos anos 1990.
Minutos depois de o Parlamento aprovar sua escolha como premiê, Pashinyan foi a uma praça da capital Yerevan onde dezenas de milhares de apoiadores entusiasmados, alguns vestindo camisetas com seu retrato, esperavam para cumprimentá-lo.
“O povo venceu”, disse ele à multidão. “Parabéns.”
Durante as manifestações Pashinyan vestia uma camiseta camuflada e um boné de estilo militar, um traje que se tornou sua marca registrada, mas nesta terça-feira os trocou por terno e gravata.
Nascido em 1975, Pashinyan liderou um movimento de protesto que primeiro forçou o veterano líder e premiê Serzh Sarksyan a renunciar e depois pressionou o partido governista a desistir das tentativas de impedir sua eleição ao cargo mais importante do país.
Na votação realizada no Parlamento nesta terça-feira, 59 parlamentares apoiaram a candidatura de Pashinyan, inclusive do governista Partido Republicano, e 42 votaram contra ele.
Os apoiadores de Pashinyan acompanharam a votação em telões instalados na Praça da República de Yerevan, e quando o resultado foi exibido gritaram “Nikol!” enquanto pombas brancas eram lançadas ao ar e pessoas se abraçavam e se beijavam.
“Vencemos! Fizemos história hoje!”, disse o estudante Gurgen Simonyan, de 22 anos, em meio à multidão.
O movimento de protesto de Pashinyan foi desencadeado quando Sarksyan, impedido pela Constituição de pleitear mais um mandato como presidente, se tornou primeiro-ministro. Muitos armênios viram a medida como uma manobra cínica de Sarskyan para se manter no poder.
A Armênia, uma nação de maioria cristã, está envolvida em um conflito territorial com o Azerbaijão de maioria muçulmana e sofre um bloqueio econômico da Turquia.
Esse isolamento a tornou muito dependente de Moscou. Em outros momentos, Putin já reprimiu levantes populares em ex-Repúblicas soviéticos, especialmente na Geórgia e na Ucrânia, vendo neles manobras de Washington para se infiltrar na esfera de influência de Moscou.
Mas durante a onda de protestos na Armênia, Moscou permaneceu publicamente neutra, e Pashinyan sempre afirmou que vê Moscou como uma aliada vital.
Ele disse na terça-feira que a Armênia permanecerá em uma organização regional de segurança coletiva liderada pela Rússia e que ele esperava ter um encontro com Putin.
O Kremlin disse que Putin enviou a Pashinyan um telegrama de congratulações. “Espero que suas atividades como chefe do governo ajudem a fortalecer ainda mais os laços de amizade e aliança entre nossos países”, disse Putin na mensagem.