RIO DE JANEIRO (Reuters) – A subutilização da força de trabalho e o desalento no Brasil bateram recorde no primeiro trimestre deste ano, mostrou nesta quinta-feira o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em meio à conjuntura de instabilidade econômica e incertezas políticas.
Entre janeiro e março, a taxa de subutilização avançou a 24,7 por cento, maior nível registrado pela Pnad Contínua, cuja série histórica começou em 2012. Com isso, eram 27,7 milhões de pessoas desempregadas, subocupadas por insuficiência de horas e/ou que gostariam de trabalhar mas tinham algum empecilho momentâneo.
No primeiro trimestre desse ano, os desalentados também bateram recorde ao atingirem 4,1 por cento da força de trabalho, a 4,6 milhões de pessoas, 300 mil a mais do que nos três meses anteriores.
“Tudo o que acontece no mercado de trabalho é reflexo do ambiente econômico e do cenário político marcado por incertezas”, disse a jornalistas o responsável pela pesquisa do IBGE, Cimar Azeredo, referindo-se às eleições presidenciais de outubro.
Segundo o IBGE, tanto a subutilização quanto o desalento eram maiores nas regiões Nordeste e Norte do país, mais carentes e com estrutura econômica mais frágil. Na Bahia, a subutilização chegava a 40,5 por cento da força de trabalho, enquanto que em Santa Catarina, a 10,8 por cento.
Já a taxa de desalentados em Alagoas foi a mais alta do país no trimestre passado (17 por cento), enquanto que no Rio de Janeiro e em Santa Catarina, a menor (0,8 por cento)
No primeiro trimestre, o Brasil tinha 13,7 milhões de desempregados, 6,2 milhões de pessoas que trabalhavam menos horas que gostariam e outros 7,8 milhões que queriam trabalhar mas não estavam disponíveis.
“A taxa de desemprego sozinha não reflete mais a realidade do mercado de trabalho… Esse olhar mais amplo é que mostra o quão desfavorável está o mercado de trabalho”, disse Azeredo, acrescentando que aumentou em 70 por cento o contingente de pessoas que estavam há 2 anos ou mais procurando trabalho, somando 3 milhões de indivíduos.
(Por Rodrigo Viga Gaier)