Por David Lawder
BUENOS AIRES (Reuters) – O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, não está tentando influenciar os mercados cambiais, afirmou o secretário do Tesouro norte-americano, Steven Mnuchin, neste sábado, reiterando que um dólar forte reflete uma forte economia do país e é interesse de longo prazo dos EUA.
Em Buenos Aires para a reunião do G20 de ministros das Finanças e presidentes de bancos centrais, Mnuchin disse a repórteres que tanto ele como Trump apoiam totalmente a independência do banco central norte-americano, o Federal Reserve.
Trump tem quebrado precedentes nos últimos dias ao fazer comentários criticando a força do dólar e a política monetária do Fed. Ele tuítou na sexta-feira que o aumento das taxas de juros pelo Fed tira a “vantagem competitiva” das exportações norte-americanas.
“Deixe-me ser claro, isso não é de forma alguma o presidente tentando intervir nos mercados de câmbio”, afirmou Mnuchin, acrescentando que os Estados Unidos não tentam administrar a valorização de sua moeda.
Mnuchin disse que ele e Trump apóiam totalmente a independência do Fed e que ele tem “enorme confiança” no trabalho que Jerome Powell está fazendo como presidente do Fed.
O chefe do Tesouro também repetiu sua visão de longa data de que a força do dólar é interesse de longo prazo dos EUA, mas que ele não comenta movimentações do dólar de curto prazo. Ele acrescentou, no entanto, que a trajetória das taxas de juros e do dólar são determinadas pelo desempenho macroeconômico dos EUA.
Mnuchin disse que não poderia explicar por que o presidente Trump fez seus comentários sobre a taxa de juros do Fed.
“Eu só quero garantir a vocês que isso não teve a intenção de pressionar o Fed ou colocar em risco a independência do Fed”, afirmou.
Mnuchin minimizou o fato de que não terá um encontro bilateral com representantes chineses na reunião do G20 apesar da escalada da guerra tarifária entre as duas maiores economias do mundo.
Ele disse que seu colega chinês com quem tradicionalmente conversa, o conselheiro econômico Liu He, não participa da reunião em Buenos Aires.
“Se as pessoas certas estivessem lá, estaríamos nos encontrando”, disse Mnuchin à Reuters em entrevista na sexta-feira.
Ele disse que o governo Trump tem sido claro com o governo chinês sobre as medidas específicas que precisam ser tomadas para que as tarifas sobre 34 bilhões de dólares em importações chinesas sejam removidas.
“Embora o objetivo seja reduzir o déficit comercial, o desejo de fazer isso é para que eles abram seus mercados para que possamos competir de maneira justa e possamos aumentar as exportações”, afirmou.
Até agora, Mnuchin disse que não viu um impacto macroeconômico das tarifas norte-americanas sobre aço, alumínio e produtos chineses, além de retaliações de parceiros comerciais.
Mas houve efeitos microeconômicos em negócios individuais, afirmou ele, acrescentando que o governo estava monitorando de perto essas questões e procurando maneiras de ajudar os agricultores dos EUA prejudicados por tarifas de retaliação.