Por Rodrigo Viga Gaier e Camila Moreira
RIO DE JANEIRO/SÃO PAULO (Reuters) – As vendas no varejo do Brasil registraram melhor resultado para março em cinco anos, encerrando o primeiro trimestre com ganhos, mas ainda indicando oscilações no desempenho da economia no início do ano.
As vendas varejistas subiram 0,3 por cento em março sobre o mês anterior, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira, primeiro resultado positivo para o mês desde 2013 (+0,5 por cento).
Com isso, o varejo terminou o primeiro trimestre de 2018 com aumento de 0,7 por cento nas vendas sobre o quarto trimestre de 2017, quando houve estabilidade.
Entretanto, o início do ano foi marcado por irregularidade, após queda mensal de 0,2 por cento em fevereiro e avanço de 0,9 por cento em janeiro.
“O varejo mantém um processo de volatilidade e isso tem a ver com o ritmo lento e gradual da atividade econômica. O comércio está no mesma velocidade da economia em geral”, explicou a economista do IBGE Isabella Nunes.
Na comparação anual, houve alta de 6,5 por cento nas vendas, melhor resultado desde abril de 2014 (6,7 por cento) mas impulsionado pelo fato de este ano a Páscoa ter caído em março, contra abril em 2017.
As expectativas em pesquisa da Reuters eram de altas de 0,30 por cento na comparação mensal e de 5,50 por cento sobre um ano antes.
O destaque no mês ficou por conta das vendas de combustíveis e lubrificantes, que cresceram 1,4 por cento após quatro meses de quedas.
Também registraram aumento nas vendas artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (1,1 por cento); tecidos, vestuário e calçados e outros artigos de uso pessoal e doméstico (ambos com 0,7 por cento); e móveis e eletrodomésticos (0,1 por cento).
O varejo ampliado, que inclui veículos e material de construção, mostrou alta de 1,1 por cento nas vendas, resultado que se deveu ao aumento de 2,9 por cento em veículos e motos, partes e peças.
O movimento de sobe e desce do varejo está em linha com uma economia que vem mostrando dificuldades de mostrar desempenho regular mesmo com inflação e juros baixos, uma vez que o desemprego segue alto e limita o consumo num ano eleitoral carregado de incertezas.
“O cenário para o consumo privado e as vendas varejistas continua positivo, mas não exuberante. À frente, o setor de varejo deve ser sustentado pela queda nos preços de alimentos e na inflação, melhora do emprego e condições de crédito ao consumidor gradualmente menos exigentes”, avaliou o diretor de pesquisa econômica do Goldman Sachs para América Latina, Alberto Ramos.
O resultado soma-se ao da indústria, que terminou o primeiro trimestre estagnada. Os dados mais fracos que o esperado e a confiança abalada já levaram os economistas consultados na pesquisa Focus do Banco Central a reduzirem suas expectativas de crescimento econômico neste ano a 2,70 por cento, sobre 3 por cento antes mais no início do ano.