Produzido pela Casa Ferreirinha e importado pela Zahil, vinho mais prestigiado de Portugal é lançado nove anos após a histórica vindima de 2015
Por Celso Masson
A edição de 2024 do megaevento Vinhos de Portugal, realizado no Rio de Janeiro e em São Paulo nos dois primeiros finais de semana de junho, trouxe ao Brasil não apenas alguns dos maiores produtores lusitanos como garrafas que eram aguardadas com grande ansiedade.
O melhor exemplo é o icônico Barca-Velha, que retorna em nova safra após quase uma década do lançamento anterior. Importado com exclusividade pela Zahil, o Barca-Velha 2015 foi apresentado por seu enólogo, Luis de Sottomayor, e pelo presidente do Grupo Sogrape, Fernando da Cunha Guedes.
Maior conglomerado vinícola de Portugal, o grupo liderado por Guedes controla marcas de prestígio também fora do país, com unidades na Espanha, Argentina, Chile e Nova Zelândia. Ele também é dono da marca Mateus, famosa por seus vinhos rosés.
O Brasil foi o segundo mercado a receber o Barca-Velha 2015, apenas poucas semanas após seu lançamento na terra natal. Aqui, cada garrafa custa R$ 10.860, o que se justifica não apenas pela raridade da bebida como por sua história.
Desde 1952, ano de sua criação, apenas 21 colheitas do Barca-Velha foram colocadas à venda. Considerado por especialistas o expoente máximo da região denominada do Douro, o vinho nasce na Quinta da Leda, com 170 hectares de vinhedos em que predominam as tradicionais castas da região, como tinta-roriz, tinto cão, touriga franca e touriga nacional.
A decisão do lançamento da safra 2015 envolveu um longo e meticuloso processo. Depois do estágio de 12 meses em barricas de carvalho, a equipe de enologia faz a primeira análise para definir se seguirá para o mercado ou se continuará envelhecendo durante mais um período de seis meses antes de ser submetido a uma nova avaliação.
Após o segundo estágio, o vinho pode ser rotulado como Douro Especial ou seguir envelhecendo por mais um período. Concluído o terceiro estágio, a decisão final é tomada: ele será um Reserva Especial (segundo vinho da Casa Ferreirinha) ou, finalmente, o Barca-Velha.
“O anúncio de um novo Barca-Velha é sempre um momento muito especial e de enorme alegria”, afirmou o presidente da Sogrape, Fernando da Cunha Guedes. “Por um lado, há o orgulho de ver nascer um dos mais emblemáticos e reconhecidos vinhos portugueses, e por outro, a consciência do cuidado imprescindível para escrever um novo capítulo nesta história sem igual no setor vitivinícola.”
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Para o enólogo Luis de Sottomayor, a vindima de 2015 foi atípica: curta, mas muito próspera. “Foi marcada por pouca chuva e duas ondas de calor em junho e em julho que contribuíram para a produção de vinhos muito complexos, com boa estrutura e fruta bem presente”. Segundo o responsável por declarar a safra como digna do Barca-Velha, houve uma “enorme convicção quanto ao destino desta colheita.”
Desde 1985, o Barca-Velha só havia sido lançado em 1991, 1995, 1999, 2000, 2004, 2008 e 2011. A safra que chega agora ao mercado é apenas a nona em um intervalo de 30 anos. Tamanho rigor da equipe de enologia da Casa Ferreirinha é o maior atestado da qualidade desse vinho excepcional.