Pesquisa revela o desejo de viajar e consolidar a carreira, além de destacar questões que afetam a saúde mental das mulheres
Uma pesquisa conduzida pelo Movimento Sonhe Como Uma Garota e pelo Instituto Think Olga revela a relação das brasileiras com seus sonhos e como as desigualdades de gênero impactam a realização de suas metas pessoais e profissionais. O estudo, que entrevistou 1.080 mulheres acima de 18 anos, mostra que 75% delas já desistiram de algum sonho, sendo que 70% o fizeram por falta de recursos financeiros.
Desejos e desafios
Entre os principais desejos das mulheres brasileiras, viajar pelo mundo ocupa o topo da lista, sendo citado por 67% das jovens de 18 a 29 anos e por 59% das entrevistadas acima dessa faixa etária. A busca por estabilidade financeira e por uma carreira profissional sólida também aparecem como prioridades.
A pesquisa aponta que o desejo de viajar transcende o lazer. “Todas as mulheres, independentemente da idade, raça, classe social ou região do Brasil, têm como sonho viajar. Esse desejo está ligado à sede de conhecimento, ao contato com diferentes culturas e, ao mesmo tempo, ao escapismo da sobrecarga cotidiana”, explica Maíra Liguori, diretora do Think Olga.
A desigualdade de gênero ainda impõe barreiras significativas para a realização desses sonhos. Além da carga do trabalho doméstico e dos cuidados com a família, as mulheres enfrentam desafios no mercado de trabalho. Segundo o Relatório de Transparência Salarial e Critérios Remuneratórios, divulgado pelos ministérios das Mulheres e do Trabalho e Emprego, as brasileiras ganham, em média, 20,7% menos do que os homens em empresas com 100 ou mais empregados.
Impacto do machismo e da falta de suporte
A pesquisa também revela que 46% das entrevistadas apontam o machismo como um fator que impede a realização de seus sonhos, ao lado da segregação econômica. A falta de apoio da família também aparece como um obstáculo significativo, especialmente entre as mais jovens: 25% das mulheres de 18 a 29 anos já desistiram de um sonho por não contarem com suporte familiar. No total, esse índice é de 19%.
Para reverter esse cenário, 64% das mulheres acreditam que políticas públicas devem ser aprimoradas para garantir mais oportunidades no mercado de trabalho e no empreendedorismo. Além disso, 59% defendem maior investimento em capacitação e educação, enquanto 52% destacam a necessidade de mais segurança e medidas eficazes contra a violência de gênero.
Mais do que aspirações individuais, os sonhos das mulheres brasileiras refletem um desejo coletivo por um mundo mais justo, seguro e igualitário, onde futuras gerações possam sonhar sem restrições.