As secas tendem a piorar nas porções mais áridas do México por causa dos extremos climáticos. Mas parece não haver desafio que a criatividade e a ciência não possam contornar. Várias culturas já se beneficiam com uma invenção que permite economizar água e tê-la disponível na quantidade necessária até para melhorar a qualidade dos produtos: é a água sólida. Polímero superabsorvente, seus cristais capturam até 250 vezes seu peso em água, retendo-a na forma de um gel que pode ser enterrado perto das raízes das plantas, criando uma reserva de água subterrânea.
O produto é ideal para cultura perenes, como frutas, e quando atingir um preço competitivo, poderá beneficiar também médios e pequenos produtores. A invenção poderia ser adotada em trechos do cerrado e do semiárido brasileiro. Amílkar Mendizábal, diretor da mexicana Água Sólida, sugere um comparativo: imagine um cantil pequeno ou um copo ou garrafa que se enche aos poucos com água de chuva ou de irrigação, mantendo uma umidade estável no solo. “Conforme a planta precisa, a água sólida liberará essa umidade” nas raíes, evitando evaporação na atmosfera. Os polímeros superabsorventes têm sido usados por muitos anos em várias indústrias. Contudo, a Água Sólida decidiu desenvolvê-los para serem compatíveis com a agricultura. O produto é biodegradáveis e não emite partículas poluentes quando degradado.
No México, 76% da água vai para atividades agrícolas, seguido pelo abastecimento público (14,4%), indústria (4,9%) e eletricidade (4,7%), segundo dados do Conselho Consultivo de Água, um órgão civil. Mendizábal, explicou à CNN, que seu produto economiza 80% do recurso destinado às lavouras. Além disso, comentou que quando uma planta é regada, 80% da água vai para o fundo, onde a raiz não chega, e quase todo o restante evapora. “Podemos colocar apenas 20% dessa água e funciona”, completou.