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O boicote às vinícolas do trabalho escravo

Escândalos fizeram a Cooperativa Monte Veneto, no RS, ter que se virar para atender uma inesperada enxurrada de pedidos

A denúncia de trabalho escravo envolvendo uma empresa contratada pelas vinícolas Salton, Aurora e Cooperativa Garibaldi desencadeou uma onda de boicote a essas marcas. Nas redes sociais, diversos consumidores alegaram estar evitando produtos oriundos dessas marcas e procurando por outras alternativas tanto de vinhos quanto de sucos de uva integrais.

Em nota oficial, o Centro da Indústria e Comércio de Bento Gonçalves critica o “sistema assistencialista”. A afirmação só aumentou a revolta.

Os escândalos fizeram a Cooperativa Monte Veneto, uma cooperativa de suco de uva ligada ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), também no RS, ter que se virar para atender uma inesperada enxurrada de pedidos.

Tudo por causa de uma postagem da deputada fluminense Marina do MST, que sugeriu aos seguidores que boicotassem as empresas envolvidas e passassem a comprar os premiados sucos produzidos pelo movimento. A postagem passou de 1 milhão de visualizações e os estoques acabaram no mesmo dia.

Pelo Instagram, a Monte Veneto explicou estar com “sobrecarga” de mensagens e detalhou que não está em condições de realizar envios para consumidores diretos. A empresa disse estar direcionando os interessados aos locais de venda em centros comerciais.

Devolução

A Rede Zona Sul, dona de mais 40 supermercados nas zonas sul e oeste do Rio de Janeiro, tomou nesta semana a decisão de devolver todos os produtos da vinícola Aurora, do Rio Grande do Sul, que possuía em estoque. A decisão veio após a revelação de que trabalhadores da empresa, e de outras vinícolas da região, encaravam condições análogas à escravidão.

A empresa carioca é voltada para o atendimento das classes médias altas e ricas, tem uma renda anual de R$ 2 bilhões e marcou sua posição neste importante debate após pressão de consumidores. Na última segunda-feira (27), clientes das lojas do bairro de Botafogo protestaram contra a venda dos produtos.

Sem exportação

A Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil) informou que suspendeu a participação das vinícolas Aurora, Cooperativa Garibaldi e Salton de suas atividades. A suspensão vale para feiras internacionais, missões comerciais e eventos promocionais e segue até que as investigações sejam concluídas.

A ApexBrasil é um serviço social autônomo vinculado ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic), que promove os produtos brasileiros no exterior.

“A ApexBrasil suspendeu a participação das três empresas em quaisquer iniciativas apoiadas pela agência, como feiras internacionais, missões comerciais e eventos promocionais, até que as investigações das autoridades competentes sejam concluídas”, disse o serviço, em nota ao g1.

Fora de cerimônias religiosas

A Conferência Nacional dos Bispos dos Brasil (CNBB) emitiu um comunicado no qual pede que os vinhos utilizados em cerimônias religiosas tenham sua proveniência checada. O texto, assinado por Dom Joel Portella Amado, bispo auxiliar da Arquidiocese do Rio de Janeiro, afirma que é da Igreja a responsabilidade de zelar pelo vinho canônico e impedir “qualquer tipo de trabalho em condições que ferem o respeito pela dignidade humana”.

Boicote de Âmôedo

Além do repúdio de diversos políticos, o empresário João Amoêdo, que foi candidato a presidente da República em 2018 pelo Partido Novo, também se pronunciou e anunciou em entrevista nesta quinta-feira (1º) que não consumirá produtos das vinícolas Aurora, Salton e Garibaldi.

As vinícolas culpam uma empresa terceirizada pela contratação e pelos maus tratos. Mas Amoedo defende uma ação dura, inclusive dos consumidores, contra as empresas envolvidas.

“É difícil imaginar que se contrate um volume expressivo de mão de obra e não se faça um mínimo de checagem sobre quem vai ser seu fornecedor”, argumentou o empresário.

Confira a revolta nas redes sociais:

Mais um para conta

Boicotes como os defendidos contra as vinícolas não são novidades e se dão por diferentes razões. Recentemente, o fabricante de produtos de limpeza Ypê foi alvo de movimento semelhante devido ao financiamento à campanha do ex-presidente Jair Bolsonaro à reeleição. O assassinato de Beto Freitas por dois seguranças em um supermercado, em 2020, também motivou uma campanha contra o Carrefour.

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