Segundo o CEBDS, entidade que reúne metade do PIB, a pressão empresarial foi determinante para a celebração do acordo final na Conferência do Clima da ONU
De Glasgow, na Escócia*
Protagonistas na COP26, a Conferência do Clima da ONU, encerrada neste sábado, 13, com um acordo histórico que cria o mercado global de carbono, as empresas estão comemorando o resultado do evento.
“A pressão do setor empresarial, que se posicionou de maneira contundente nesta COP – reunindo em um posicionamento 119 CEOs e 14 instituições do setor privado em torno dos principais pontos da pauta -, junto à expressiva participação da sociedade civil, academia, ambientalistas, indígenas e jovens, produziu resultados positivos”, afirmou, em nota, o Conselho Empresarial para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), entidade que reúne quase metade do PIB brasileiro.
Apesar da celebração, o setor empresarial, agora, quer ver medidas concretas e práticas serem adotadas pelo governo. “Agora esses anúncios precisam ser acompanhados de medidas práticas para que tenham credibilidade. Entre elas, o combate ao desmatamento ilegal, a votação da NDC anunciada, a criação de um mercado de carbono regulado doméstico e a implementação do Código Florestal”, disse o CEBDS.
Há também a demanda por diálogo. Segundo a entidade, é fundamental que o setor empresarial, a sociedade e o governo estabeleçam canais de comunicação estruturado para a construção conjunta de uma agenda interna.
“A regulamentação do mercado global de carbono mostra que o caminho para aumentar ainda mais a ambição climática passa também pela utilização de instrumentos de mercado, afirma a nota. “A decisão sinaliza um passo importante para uma retomada econômica verde no Brasil porque cria uma oportunidade para o setor empresarial se engajar no comércio global de emissões rumo à neutralidade climática.”
COP26 termina em Acordo histórico
Em um acordo histórico, o mundo acaba de criar o mercado de carbono global. O documento final da COP26, a Conferência do Clima da ONU, encerrada na noite deste sábado, em Glasgow, Escócia, regulamenta as últimas cláusulas do Acordo de Paris. Com isso, os países poderão comercializar créditos de carbono entre si, num passo fundamental para fazer a transição para a economia de baixo carbono e conter o aquecimento global.
As negociações se estenderam além do previsto. Uma coletiva de imprensa chegou a ser marcada para às 17h, horário de Glasgow, porém, foi cancelada. Somente por volta das 20h, Alok Sharma, presidente da COP26, anunciou a assinatura do documento final.
Minutos antes, a Índia ainda relutava em assinar o acordo histórico. Uma mudança no texto em relação ao carvão, substituindo a palavra eliminar por reduzir, foi adotada, abrindo caminho para o consenso.
A questão do financiamento da transição nos países em desenvolvimento, ponto crítico para o Brasil, terminou com uma vitória do grupo dos mais pobres. Os países ricos concordaram em pelo menos dobrar o repasse de recursos. Ontem, o ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, dizia que os 100 bilhões de dólares prometidos até então, além de não serem suficientes, precisavam “chegar ao chão”, ou seja, era preciso criar os mecanismos para viabilizar essa ajuda.
Países em desenvolvimento argumentam que as nações ricas, cujo histórico de emissões é amplamente responsável por aquecer o planeta, precisam pagar mais para ajudá-los a se adaptar às consequências das mudanças climáticas.
Exame na COP26
A Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança Climática (UNFCCC) é um tratado internacional com o objetivo de estabilizar as concentrações de gases de efeito estufa na atmosfera.
Uma das principais tarefas da COP é revisar as comunicações nacionais e os inventários de emissões apresentados por todos os países membros e, com base nessas informações, avaliar os progressos feitos e as medidas a serem tomadas.
Para além disto, líderes empresariais, sociedade civil e mais, se unem para discutir suas participações no tema. Neste cenário, a EXAME atua como parceira oficial da Rede Brasil do Pacto Global, da Organização das Nações Unidas.
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Por Rodrigo Caetano
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