O hidrogênio produzido a partir de energia limpa será a uma das maneiras mais eficientes de reduzir as emissões de gases de efeito estufa na produção de aço. A intenção é zerar esse passivo ambiental até 2050, sugere um relatório da BloombergNEF publicado nesta semana. Embora fazer aço verde com hidrogênio seja de alto custo no momento, o processo será barateado até meados deste século, estimam pesquisadores e empresas. O uso de recursos verdes em detrimento da produção baseada em carvão ou gás natural é valorizado, mas para isso a construção de novas usinas é necessária.
Em vez de queima de combustível fósseis ou emissores, a obtenção do hidrogênio se dá por processo eletroquímico captando gases na atmosfera – daí a razão para ser considerado um produto verde. Porém, esse processo só faz sentido se a matriz energética para a sua captação também for limpa, vinda de fontes solar, eólica ou hidrelétrica, abundantes no Brasil. Só empregando a matriz hidrelétrica o país já poderia se valer de um método de eletrólise de óxido fundido, bem menos agressivo que os atuais. Outras tecnologias estão no radar para descarbonizar o aço. Em termos ambientais, essas soluções só fariam sentido se adotadas em escala global. Não há respostas prontas, mas o relatório indica uma transição por meio da experimentação do setor siderúrgico em busca de soluções rumo a uma economia descarbonizada. Basta lembrar o quanto a China investe em matrizes não renováveis mesmo hoje.
Na Suécia, está em operação desde setembro, em Lulea (imagem), uma unidade siderúrgica da LKAB que produz aço sem uso de carvão. O projeto Hybrit é uma parceria com a SSAB, dona da tecnologia, e a concessionária de energia Vattenfall. A Air Products tem uma iniciativa para produção de hidrogênio verde em escala global. Em parceria com Thyssenkrupp, ACWA Power e NEOM, vai instalar uma fábrica de amônia baseada em hidrogênio verde abastecida por energia renovável na Arábia Saudita.
Considerado o maior projeto do tipo do mundo, fornecerá 650 toneladas de hidrogênio descarbonizado por dia, reduzindo as emissões de CO2 em três milhões toneladas por ano. A previsão é que a operação comece em 2025, para atender prioritariamente o setor de transporte do país, que está entre os maiores produtores de petróleo e gás. “Aproveitando o perfil único do sol e do vento do NEOM para converter água em hidrogênio, o projeto renderá uma fonte de energia limpa em grande escala que eliminará emissões de carbono equivalentes a mais de 700 mil carros por ano”, explicou o gerente-geral da Air Products Brasil e Argentina, Marcus Marinho.