A partir desta quarta-feira (22) começou a primavera, estação aguardada no Sudeste, Sul e partes do Centro-Oeste pela esperança de volta das chuvas. Porém, a previsão é de precipitações insuficientes para compensar a crise hídrica que o país atravessa. Com elevação nas contas de energia ampliado pelo adiamento da ligação das termelétricas, risco de apagões, reservatórios operando abaixo do nível mínimo de segurança e possibilidade de perdas nas safras, o cenário não é animador no Centro-Sul.
Os reservatórios do Sudeste e Centro-Oeste, responsáveis por 70% da geração hidrelética, operam com quase 20% da capacidade, estima o Operador Nacional do Sistema (ONS). A navegação na Hidrovia Tietê-Paraná teve que ser interrompida, gerando bilhões de reais em custos, afetando também Paraguai e Argentina. Para piorar, a agência climática dos Estados Unidos, a NOAA, acredita que em outubro comece o fenômeno La Niña, que reduz as chuvas no Brasil. Assim como sua contraparte chuvosa, El Niño, ambos ocorriam quase a cada década. Agora, prometem ser cada vez mais recorrentes e intensos, assim como as alternâncias de altas e baixas temperaturas, estiagens e chuvas intensas.
A última crise hídrica no Sudeste ocorreu em 2014. “Esses fenômenos estão previstos no relatório do IPCC, conforme a temperatura global sobe. Os eventos climáticos se agravarão”, afirmou a agrometeorologista, Isabella Valero, à MONEY REPORT. Ela explicou que a massa de ar quente decorrente das emissões de carbono impede o calor de dissipar na atmosfera, o que amplia o efeito estufa.
Um exemplo dessas distorções apontadas por Valero ocorreu em em 2019, nos Estados Unidos. O país foi assolado por um inverno rigoroso, Chicago quebrou recorde chegando a -32°C. O fenômeno foi atribuído às mudanças climáticas pelos especialistas na época. O então presidente Donald Trump, negacionista do aquecimento global, questionou: “Se o mundo está ficando mais quente, por que, está fazendo tanto frio nos EUA?”. Enquanto era presidente, ele retirou os EUA do Acordo de Paris, agora de volta na gestão de Joe Biden. Trump, assim como muitos cidadãos, confundem termos clima e tempo (abaixo). A Nasa naquele ano explicou: “O caminho é ter um mundo mais aquecido com muitos episódios de tempos extremamente quentes e frios”.
- Tempo: condições atmosféricas registradas em um período de tempo curto;
- Clima: panorama mais prolongado e completo dos padrões de tempo. Ele se refere às condições que prevalecem em uma região ou em toda a Terra.