O avanço da tecnologia impõe um grande desafio às lojas físicas. Segundo a pesquisa Global Consumer Insights 2019, feita pela consultoria PwC, o número de brasileiros que realizam ao menos uma compra por mês em estabelecimentos físicos caiu oito pontos percentuais entre 2013 e 2019, de 70% para 62%. Em contrapartida, a quantidade de brasileiros que fazem suas compras via smartphone subiu de 15% para 50% no período.
Para as lojas, uma maneira de amenizar esse movimento é tornar o atendimento mais eficiente, diminuindo filas e o tempo necessário para o cliente fazer uma transação. Nesse contexto, os pagamentos por aproximação – nos quais o consumidor pode efetuar a compra apenas ao aproximar seu dispositivo, sem necessidade inserir o cartão em uma maquininha – estão ganhando cada vez mais espaço no mercado.
Em entrevista a MONEY REPORT, Paulo Frossard, vice-presidente de desenvolvimento de negócios da Mastercard Brasil, fala sobre o crescimento dessa tecnologia, que já corresponde a 20% das transações presenciais no mundo. Confira.
Como essa novidade tem sido recebida pelo consumidor?
A recepção por parte do público tem sido ótima. Temos diferentes formas de adesão: alguns optam pela tecnologia no telefone, enquanto outros a utilizam no próprio cartão ou em uma pulseira. A novidade tem sido aprovada tanto pelo consumidor quanto pelo lojista. A velocidade e a segurança dessa tecnologia garantem a aprovação.
Quais são os impactos dessa mudança?
O ponto principal que estamos discutindo aqui é a substituição do dinheiro físico, que traz uma ineficiência muito grande para o sistema. Segundo o Banco Central, em 2017 foram gastos R$ 800 milhões na administração do dinheiro físico. Além disso, notas falsas representaram um rombo de R$ 36 milhões para o BC. Conversando com varejistas, percebemos que uma das grandes demandas do setor é saber como vamos tirar o dinheiro físico de circulação, por uma questão de segurança. Digitalizar o fluxo de pagamentos também faz o cotidiano do consumidor ser muito mais fácil.
Como você garante a segurança do processo, para o cliente não fazer uma compra indesejada?
Existe, por determinação da indústria local, um limite de até R$ 50 para esse tipo de operação. Até esse valor, o cliente não é obrigado a digitar a senha. Acima disso, é necessário colocar senha ou passar por outro processo de autenticação, como biometria.
Essa tecnologia já está espalhada por todo o Brasil?
Sim. Já temos mais de 4.500 cidades que fizeram transações por aproximação. Esse número tem crescido em um ritmo bastante acelerado. Só para você ter uma ideia, em dezembro de 2017 ocorreram 130 mil transações desse tipo. Em dezembro de 2018, esse número foi para 1,4 milhão. Agora, realizamos quase 2 milhões de pagamentos assim por mês.
Quais são os tipos de estabelecimento que buscam esse serviço?
Os locais que exigem uma rapidez maior no processo, que têm mais filas, recebem melhor essa tecnologia, como mercearias, supermercados, lanchonetes, restaurantes fast food e postos de gasolina. Para você ter uma ideia do que estamos falando, uma transação por aproximação é 10 vezes mais rápida do que a normal, inserindo o cartão e digitando a senha.
E quais são as projeções para os próximos anos?
O consumidor brasileiro adere rapidamente às novas tecnologias. Acredito que, muito em breve, o Brasil estará entre os líderes do mercado em pagamentos por aproximação. Globalmente, as projeções indicam que até 2022 esse tipo de transação vai crescer 24% por ano.