Professor de cirurgia na Harvard Medical School, Leandro Riella está convencido que o xenotransplante será uma solução para a escassez de órgãos
Cirurgião curitibano que atua nos Estados Unidos, Leonardo Riella (imagem) comandou o primeiro transplante de rim de um porco geneticamente modificado para um paciente humano vivo. O procedimento teve sucesso inicial e pode se tornar revolucionário caso sirva para aliviar as filas em busca de doadores. A cirurgia demorou quatro horas e ocorreu no Massachussets General Hospital, em Boston, nos Estados Unidos. O anúncio foi feito nesta quinta-feira (21).
O paciente é Richard Slayman, um voluntário de 62 anos anos acometido de doença renal grave, diabetes tipo 2 e hipertensão. Em diálise por até quatro horas diárias durante três vezes por semana há 7 anos, ele chegou a receber um transplante de rim em 2018, mas o órgão falhou no ano passado. De acordo com os médicos, a recuperação de Slayman é considerada boa.
Chamada de xenotransplante, a implantação de um órgão animal em um ser humano, a pesquisa era desenvolvida havia cinco anos no hospital de Boston, mediante parceria com a empresa eGenesis. Entre os mamíferos, os porcos apresentam uma série de semelhanças anatômicas e genéticas com os humanos, porém a resposta do sistema imunológico era uma barreira impossível de ser superada até agora.
Genes modificados
Para tanto, o rim suíno foi geneticamente modificado para se tornar compatível. Os genes que seriam rejeitados foram substituídos por material humano. Também foram inativados os retrovírus endógenos para eliminar riscos de infecção. Antes foram testados órgãos de macacos, mas sem sucesso.
Se tudo avançar conforme previsto, o novo procedimento promete aliviar em até 90% as filas de transplante renal. Os custos do procedimento experimental não foram revelados. Assim que os experimentos mostraram sucesso, o FDA (a Anvisa dos EUA) foi acionado e aprovou o procedimento após análises.
O primeiro transplante de rim humano foi feito em 1954 pelo médico norte-americano, Joseph Murray. No Brasil, o primeiro aconteceu em 1965.
Brasileiro
Líder da equipe cirúrgica, Leonardo Riella participou de coletiva de imprensa sobre os resultados: “Estou firmemente convencido de que o xenotransplante representa uma solução promissora para a crise de escassez de órgãos”.
Riella é professor associado de medicina e cirurgia na Harvard Medical School. Sua pesquisa aborda os mecanismos de regulação imunológica e o desenvolvimento de novas terapias para a tolerância de órgãos transplantados.
O que MR publicou