Pesquisadores criaram um método para remover resíduos de glifosato, um popular agrotóxico
Cientistas da Universidade Estadual Paulista (Unesp) desenvolveram um método inovador para remover resíduos de glifosato, um agrotóxico amplamente utilizado, da água contaminada. O diferencial desse método é a utilização do bagaço da cana-de-açúcar como matéria-prima, segundo informações da Revista Veja.
O processo inicia-se com a trituração do bagaço e o isolamento da celulose, que é submetida a processos químicos para adquirir cargas opostas às presentes na estrutura molecular do glifosato. Isso permite que o contaminante se una às fibras modificadas.
“Dessa forma, ao remover o material da água, o glifosato também será removido. Esse processo, como descrito no artigo, pode ser evidenciado conforme há variação no pH da solução”, detalha a física Maria Guimarães Leal, uma das autoras da invenção.
Na prática, a retirada do herbicida pode ser realizada por meio de filtração, decantação ou centrifugação. Segundo a pesquisadora, a estratégia de economia circular é fundamental, pois transforma o resíduo de um processo em recurso para outro. “Neste caso, o bagaço da cana-de-açúcar, resíduo da indústria sucroalcooleira, é utilizado como base para a fabricação do material que possui capacidade de remoção do herbicida glifosato de meio aquoso”, afirma.
O material à base de celulose também tem sido aplicado por outros membros do grupo de pesquisa na remoção de diferentes contaminantes presentes na água, como corantes industriais, outros pesticidas, fármacos e metais pesados. “Alguns desses resultados já foram publicados e outros apresentados em eventos. Ainda é necessária muita pesquisa antes de ser aplicado ao nível comercial, mas sem dúvidas há um caminho”, conclui Maria.
