Ao contrário dos grandes artefatos, micros e minis satélites são planejados para objetivos específicos a custos mais baixos e com resultados animadores
Os olhos do público estão voltados aos grandes foguetes reutilizáveis da SpaceX e para as sucessivas descobertas do observatório espacial James Webb. Mas há grandes novidades vindas de pequenos e leves artefatos em órbita. Aos poucos, os cubesats (satélite em cubo, como o russo UniSat-6 no destaque) produzem impactos gigantescos na exploração espacial. Ao contrário dos satélites convencionais, lançados com diferentes sensores, os cubesats atendem a objetivos científicos específicos, como rastrear exoplanetas por captação de desvios gravitacionais ou medir o tamanho de algum objeto.
A principal vantagem é o baixo custo, o que possibilita missões mais frequentes e seguras a partir de foguetes mais leves. Outra vantagem é o lançamento simultâneo de grandes lotes a serem colocados em órbita. Assim, dispositivos podem fazer observações de um mesmo fenômeno sob diferentes ângulos. O melhor exemplo vem da Universidade Brown, que projetou e lançou o cubesat Sbudnic, construído em 18 meses por professores e estudantes ao custo de US$ 10.000 (mais barato que um carro popular brasileiro). O dispositivo tinha o tamanho de um pão de forma e foi lançado em 2022 para estudar o comportamento de detritos espaciais.
Os cubesats já provaram que valem o esforço. Em 2017, o Laboratório de Propulsão a Jato (JPL, na sigla em inglês) da Nasa e o Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) lançaram o minitelescópio de 12 quilos Asteria (sigla para Arcsecond Space Telescope Enabling Research In Astrophysics), a partir da Estação Espacial Internacional (ISS). Sua missão era fazer medições astrofísicas de Janssen, um exoplaneta oito vezes maior que a Terra orbitando uma estrela a 41 anos-luz de distância.
As missões mais aguardadas são da Agência Espacial Europeia (ESA). Com lançamento previsto para este mês, Hera tentará atingir Dimorphos, microlua do sistema binário Didymos, que orbita o Sol entre Marte e Júpiter, no Cinturão de Asteroides. O resultado obtido fará parte dos estudos para desvios de objetos espaciais que possam colidir com a Terra.
Planejado para 2025 e com tamanho de uma maleta, a nave espacial M-Argo (sigla para Miniaturised Asteroid Remote Geophysical Observers), estudará forma, massa e minerais da superfície de um asteroide que possam ser úteis no futuro para a extração de recursos.
Os primeiros cubesats foram ao espaço em 2003 por obra dos russos, levando cargas de diferentes fabricantes, como os dinamarqueses AAU CubeSat e DTUSat, os japoneses CubeSat XI-IV e CUTE-1, o canadense Can X-1, três norte-americanos da série Quakesat, além da série russa Oscar (Orbiting Satellite Carring Amateur Radio). Apesar dos russos, a proposta é americana, desenvolvida em 1999, por professores da Cal Poly (California Polytechnic State University) e da Universidade Stanford, para permitir que estudantes de pós projetassem, construíssem, testassem e operassem por rádio um satélite em órbita com capacidades similares ao precursor Sputnik I, lançado em outubro de 1957.