Hurst oferece um equity crowdfunding para desenvolver uma enzima farmacêutica. Retorno médio seria de 20% ao ano
Dedicada aos ativos alternativos, a fintech Hurst Capital entrou no terreno dos royalties a partir de resultados em pesquisa e desenvolvimento (P&D), um terreno novo para os investidores individuais brasileiros – e uma forma de impulsionar a ciência no país. A empresa já oferece investimentos pra pessoas físicas em precatórios, royalties musicais e obras de arte.
“Temos estudado esse tema há cerca de um ano e percebemos que a ciência no Brasil tem três problemas: financiamento público não é suficiente e deveria ser direcionado para a ciência pura, enquanto que o capital privado – que não há – deveria ser usado para a ciência aplicada; fuga de cérebros para países onde há recursos disponíveis; e um distanciamento entre pesquisa científica e mercado”, explica Arthur Farache (imagem), CEO da Hurst.
O objetivo é apenas aprovar projetos que tenham viabilidade econômica clara e direta para que o investidor tenha seu dinheiro de volta. Com isso, a ideia é deixar para o poder público financiar projetos de mais longo prazo, geralmente ligados à ciência pura.
Rentabilidade
A primeira operação será com a empresa especializada em biotecnologia, a BioGrowth, que cederá royalties de uma pesquisa científica por meio de uma operação conhecida como equity crowdfunding, regulamentada pela Resolução 88 da CVM, para desenvolver em laboratório uma técnica para produção da coenzima Q10 (vitamina Q10), essencial para produção de energia nas células do corpo humano.
A operação com a BioGrowth terá duração de 43 meses e aporte mínimo de R$ 10 mil. A rentabilidade prevista é de 20,14% ao ano. A projeção mais otimista é de retorno do 33,39% e a mais pessimista, de 13,45%. Os investidores receberão valores e, dentro do prazo estipulado, serão proprietários do protocolo de produção a ser criado. Assim, terão direito a tudo o que gerar receita, como o eventual licenciamento para indústrias farmacêuticas do Brasil e do exterior.
A operação é de risco, mas o segmento de biotecnologia está em expansão, ganhando relevância ainda maior com a pandemia. Estima-se que até 2025 movimente US$ 611 bilhões. A Global Market Insights afirma que o mercado biofarmacêutico apresentará crescimento anual de 9,2% até 2027. Só as tecnologias de fermentação somaram em 2020 um mercado de US$ 57 bilhões.
A coenzima Q10 disponível no Brasil é importada. Com o desenvolvimento e produção local a tendência é que o preço de medicamentos e suplementos à base da substância se tornem mais baratos, afirma o diretor de operações da BioGrowth, Ivo Rischbieter Junior.
O que MONEY REPORT publicou
- Petrobras testa produção de querosene renovável
- Airbus faz 1°voo com combustível 100% sustentável
- Mulheres são 46% dos pesquisadores na América Latina e Caribe
- Só 10% das empresas usam financiamento público para P&D
- Capes quer que elas liderem a ciência
- Embrapa quer aliviar dependência de fertilizantes importados
- Acordo vai incentivar redução de CO₂ na pecuária bovina
- Inocentes, as vacas podem salvar o mundo
- Mulheres cientistas revelam como é ser pesquisadora no Brasil
- Vai depender do presidente o fim do bloqueio de recursos para a ciência
- Água sólida, a invenção mexicana que pode revolucionar a agricultura
- Brasil se apresenta verde na COP26, mas Inpe mostra salto no desmate
- Riqueza soprada para longe
- Brasil lançará o plano agrícola de baixo carbono ABC+
- Pesquisadores da Unicamp criam modelo para prever mutações da covid-19
- “O Brasil pode ser a solução para o carbono neutro”, diz pesquisador de economia ambiental
- Pesquisador da USP que ajuda a criar empresas de biotecnologia ganha prêmio britânico de química
- Desinformação alimenta as torcidas pró e contra cloroquina