O LignoSat, desenvolvido pela Universidade de Kyoto, procura combater o acúmulo de lixo espacial
O Japão lançou nesta terça-feira (5) o primeiro satélite de madeira do mundo, batizado de LignoSat. Desenvolvido pela Universidade de Kyoto, o satélite foi enviado ao espaço a bordo de uma nave da SpaceX e tem como objetivo combater o acúmulo de lixo espacial, ao mesmo tempo em que abre novas possibilidades para uma exploração mais ecológica. O LignoSat é feito de madeira honoki, uma espécie de magnólia tradicionalmente usada no Japão para a fabricação de bainhas de espadas devido à sua durabilidade e resistência.
Madeira como alternativa sustentável
Durante uma experiência de dez meses na Estação Espacial Internacional (ISS), pesquisadores concluíram que o honoki é o tipo de madeira mais adequado para condições espaciais extremas, pois resiste bem à falta de água e oxigênio e não apresenta risco de combustão. Para construir o LignoSat, os cientistas usaram técnicas tradicionais japonesas que dispensam parafusos e cola, reforçando a estrutura com precisão e equipando o satélite com painéis solares.
Uma vez em órbita, o LignoSat enfrentará variações de temperatura que podem chegar a extremos de -100 a 100 graus Celsius a cada 45 minutos. O satélite coletará dados sobre a resistência da madeira a essas condições adversas e sua capacidade de proteger componentes eletrônicos da radiação espacial. A madeira oferece potencial para reduzir o impacto da radiação sobre semicondutores, o que poderia beneficiar setores industriais como a construção de data centers.
Diferente dos satélites convencionais, que ao reentrarem na atmosfera liberam partículas de óxido de alumínio prejudiciais ao meio ambiente, o LignoSat queimará de forma limpa, minimizando a poluição atmosférica. Esse modelo de satélite “verde” reforça a proposta da equipe em explorar alternativas sustentáveis no espaço.
Madeira no futuro da colonização espacial
Os pesquisadores envolvidos no projeto vislumbram um futuro onde a madeira desempenhe um papel essencial na colonização de ambientes como a Lua e Marte. A equipe, em parceria com a Sumitomo Forestry, criou um plano de 50 anos que prevê o plantio de árvores e a construção de habitats de madeira fora da Terra.
“Pode parecer um retorno ao passado, mas a madeira é uma tecnologia de ponta para a civilização no espaço,” declarou Kenji Kariya, gerente do Instituto de Pesquisa de Tsukuba da Sumitomo Forestry. Ele acredita que a expansão espacial pode revigorar o setor madeireiro, trazendo novas oportunidades e soluções sustentáveis para o futuro da exploração espacial.
Veja mais sobre o LignoSat no vídeo abaixo: