Mais em mais, os líderes precisam se expor nas mídias digitais
Nesta semana, entrevistei uma trinca de ases – os sócios da G4 Educação (Alfredo Soares. Bruno Nardon e Tallis Gomes). Esses jovens empresários têm um currículo impressionante e, antes dos 40 anos, já possuem um track record de sucesso em diversos empreendimentos digitais. Nossa conversa girou em torno de educação executiva e tecnologia, especialmente a revolução que haverá com a chegada da chamada Web 3.0, com servidores descentralizados, machine learning atuante e protocolos gerados por blockchain rodando em redes 5G. O resultado será uma rede mais inteligente e rápida, que provocará uma grande mudança de comportamento em toda a sociedade.
Mas há legados da atual rede, a tal Web 2.0, que precisamos ainda desenvolver. Um dos pontos mais importantes para todos nós, especialmente os CEOs de empresas, é a moeda social – as comunidades digitais que construímos ao nosso redor. Muitos podem achar que isso é uma bobagem ou uma moda passageira. Não é. Cada vez mais, os líderes de empresas terão de se expor e criar uma imagem pública.
O estudo Trust Barometrer, da Edelman, uma das maiores empresas de relações públicas do mundo, mostra que 86 % dos entrevistados (33 000 em 28 países) acreditam que CEOS devem falar publicamente a respeito dos desafios sociais e dos problemas enfrentados pelas nações. Isso é uma pista de como os executivos têm credibilidade no mundo de hoje – especialmente porque os veículos de comunicação são questionados diariamente pelo público (na mesma pesquisa, 61 % se identificaram com a frase “A mídia não está fazendo bem o trabalho de ser objetiva e apartidária”).
Tesla X GM
Na lista de homens mais ricos do mundo, há vários exemplos de bilionários que dedicam um tempo importante de suas vidas para explorar o ambiente on-line. Elon Musk, por exemplo, tem quase 74 milhões de seguidores no Twitter, fora as demais redes sociais nas quais ele está inscrito. Essa atividade ajuda a espalhar o propósito de suas empresas e também a disseminar a cultura corporativa que ele imagina para seus empreendimentos. Quando comparamos o CPF com o CNPJ, vemos que, neste quesito, o homem é mais importante que a marca: a Tesla no Twitter possui um número considerável de seguidores (13,1 milhões), mas ainda está muito atrás de seu fundador.
Em um concorrente que não tem a imagem inovadora da Tesla, ocorre justamente o contrário. A GM, por exemplo, tem 784 000 seguidores, abaixo do que possui uma de suas marcas mais famosas, a Chevrolet (1,1 milhão). Qual é o tamanho do público que segue a conta de Mary Barra, CEO da GM? 60 500 pessoas. Ou seja, temos números muito menores – e, no caso da montadora centenária, a CEO possui uma fração de seguidores em relação à empresa. Portanto, ela teria um alcance bem menor para disseminar sua visão de negócios e, teoricamente, atrair talentos.
Tallis Gomes, um de meus entrevistados da G4, vê nessas comunidades uma grande ferramenta. “[Com uma grande comunidade] eu tenho mais capacidade de geração de negócios e maior capacidade de atração de talentos”, diz ele. “Uma das minhas principais funções – senão a principal – é captar gente. Então, se eu tenho mais capital social, maior é a minha chance de captar gente boa, as mentes mais famintas”.
Até aí, tudo bem. Mas nem todos têm vocação para expor a sua vida nas redes sociais. Neste caso, como é que fica? Tallis dá o exemplo de seu próprio sócio, Bruno Nardon. Ele posta apenas mensagens relativas ao mundo empresarial. Sua conta no Instagram tem 136 000 seguidores. A de Alfredo Soares tem 518 000 – e a de Tallis, 439 000.
Disciplina na criação de conteúdo
Mesmo que se tenha uma disciplina para postar mensagens, é preciso também cuidado ao fazer isso. Em primeiro lugar, porque uma mensagem mal interpretada pode gerar cancelamentos. Além disso, é preciso tomar cuidado com o conteúdo. Postar trivialidades ou lugares-comuns apenas depõem contra o titular de uma conta que deseja construir comunidades.
Neste mundo digital, é preciso encontrar qual seria o seu talento na construção da própria rede – e quais são os assuntos nos quais você realmente manda bem. Não adianta investir em algo que dá audiência, mas nada tem a ver com sua personalidade. É preciso ser sincero, original e mostrar uma profundidade que não será exercida no post – um balanço difícil de se obter. Para obter sucesso na construção de uma moeda social, é mandatário ser você mesmo, ter confiança na sua capacidade de liderança e desenvolver uma capacidade de gerar conteúdo. E um ingrediente importantíssimo: disciplina, o mesmo combustível que levou ao sucesso milhões de empreendedores da era analógica. Ele também vale para o ambiente cibernético – e para a Web 3.0 em especial.
O que Money Report publicou: