Cientista brasileiro atuará no primeiro centro de uma rede global que oferecerá tratamentos com interfaces cérebro-máquina (BCIs)
O Instituto Nicolelis de Estudos Avançados do Cérebro, em parceria com o Hospital IRCCS San Raffaele e a Universidade Vita-Salute, inaugurou nesta terça-feira (5) um polo de neurotecnologia em Milão, na Itália. O centro é o primeiro de uma rede global que pretende oferecer tratamentos avançados com interfaces cérebro-máquina (BCIs) a pacientes.
Mais de 1 bilhão de pessoas no mundo são acometidas de algum tipo de disfunção cerebral, incluindo doenças neurológicas e psiquiátricas. Até a década de 2030, o custo global para tratar essa população pode atingir US$ 6 trilhões. Portanto, terapias e tecnologias de neuroreabilitação de baixo custo são necessárias.
O centro baseado nos trabalhos e soluções desenvolvidas pelo neurocientista brasileiro Miguel Nicolelis oferecerá reabilitação para pacientes acometidos de sequelas de AVCs, esclerose múltipla, epilepsia crônica e até Mal de Parkinson. Nicolelis idealizou o projeto Treat 1 Billion para disseminar neurotecnologias não invasivas, seguras, eficientes e de baixo custo.
O polo também contará com um laboratório de neurodados e um programa de Neurotelemedicina. “Teremos pesquisa e tratamento em paralelo, oferecendo reabilitação e, ao mesmo tempo, rodando estudos clínicos de grande porte. Na área de neurotecnologia, ninguém tem essa infraestrutura. A previsão é que comece a funcionar oficialmente em junho, quando celebramos 10 anos do chute da Copa do Mundo” explica Nicolelis, citando quando exibiu seu exoesqueleto comandado por ondas cerebrais.
Parceria para o futuro
O reitor da Universidade Vita-Salute San Raffaele, Enrico Gherlone, destacou o potencial da nanotecnologia aplicada aos tratamentos neurológicos. “Tudo isso representa uma oportunidade crucial, especialmente para nossos residentes, proporcionando a eles a oportunidade de interagir com tecnologia de ponta, única na Europa”, afirmou.
Professor Nicolelis
Nicolelis assumirá o cargo de professor visitante na universidade. O professor Alan Rudolph, que também guiará as atividades do novo hub, enfatizou que o local vai não apenas expandir o trabalho em técnicas de reabilitação inovadoras, como também treinar uma nova geração de profissionais médicos que lidarão com novas tecnologias que aos poucos serão disseminadas.