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O ambiente tóxico que cerca as crianças no Tik Tok

Até pouco tempo atrás, o único problema que os pais tinham quando viam seus filhos obcecados pelo aplicativo Tik Tok era a ideia fixa em realizar coreografias aleatórias em qualquer hora do dia – mesmo enquanto realizavam outras atividades, como estudar, tomar café da manhã ou conversar com amigos. Esta é a quarta maior rede social do mundo e conta com 1,5 bilhão de usuários.

Em tese, o usuário do Tik Tok precisa ter no mínimo 13 anos de idade. Na prática, no entanto, milhões de crianças estão na rede, compartilhando vídeos de quinze segundos com coreografias, dublagens e homenagens a cantores e bandas de música pop. A princípio, algo bastante inocente e tranquilo.

Na pandemia, crianças e adolescentes, trancafiados em casa, têm pouco o que fazer. O ambiente digital, assim, passa a ser uma válvula de escape para quem não pode interagir fisicamente com os amigos e ficam entediados com facilidade. Some-se a isso que a falta de atividade física, que apenas piora o estado emocional dos pequenos –  já que não há como botar toda uma energia que parece ser inesgotável para fora.

O Tik Tok, portanto, passou a ser uma fonte prática de divertimento e distração. Uma sequência interminável de vídeos curtos passam diante da tela e garantem momentos engraçados, inusitados e da mais profunda vergonha alheia que pode ser gerada no ser humano. O interesse em torno dessa plataforma é tão grande que ultimamente passou a ser utilizada fortemente pelos adultos.

O uso maciço desse aplicativo, como tudo que é exagerado, cria problemas – e cabe aos pais ficar de olho em seus filhos para evitar consequências difíceis.

O primeiro problema que aparece é a ansiedade. As crianças ficam aflitas para obter mais seguidores e se lançam a uma corrida para produzir vídeos e mais vídeos. Aprimoram-se na arte de editar imagens e transições. Há pais que investem inclusive nesta habilidade de seus rebentos, comprando aplicativos e softwares que tornem esses vídeos – apesar de curtíssimos – mais profissionais.

Da qualidade crescente das produções na plataforma vem outra consequência nefasta: a concorrência exagerada e predatória entre meninos e meninas. Há casos de pirataria explícita. Crianças que simplesmente copiam um vídeo sem a chamada marca d’água e o repassam como se fosse de sua autoria. Em outros casos, há o roubo puro e simples de uma conta com seguidores (É só algum usuário incauto aceitar compartilhar seu ID com outras pessoas, que podem mudar a senha de acesso e o e-mail do administrador da conta).

Isso parece ser o universo de disputas empresariais ou de competição entre rivais de negócios, mas ocorre num ambiente em que os concorrentes são crianças de onze ou doze anos. Alguns vão aplaudir e dizer que esses pré-adolescentes estão se preparando para a dura realidade que os espera quando adultos. Outros, no entanto, vão ponderar que esses pequenos estão desperdiçando sua inocência e sua infância com disputas que estão ocorrendo antes da hora. Psicólogos e especialistas são unânimes em afirmar que queimar etapas de amadurecimento nesta fase da vida traz resultados nefastos na construção de caráter das pessoas.

Por fim, há o maior problema de todos: aqueles que utilizam a rede para disseminar o medo e o terror em guris sem maturidade. Como no chamado jogo da Baleia Azul, no qual criminosos cibernéticos assediavam jovens pela rede, há algumas iniciativas neste mundo do Tik Tok e até no Instagram. A bola da vez é a de terroristas que espalham o medo nessas redes, afirmando que podem rastrear dados e ameaçar os jovens e suas famílias.

Esses criminosos, que incutem pavor em criaturas inocentes, se aproveitam do atual estado emocional da criançada, abalado pela pandemia, e disseminam medo através de boatos e posts aterrorizantes. Bandidos como esses devem ser investigados e punidos. O crime cibernético, uma modalidade que é pouco entendida ou combatida, precisa entrar em nossa lista de prioridades. É o tipo da coisa que precisa ser combatida neste momento. Ou ganhará uma proporção incontrolável nos próximos anos.

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