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O fim da extinção

A Imagem da Semana em MONEY REPORT é protagonizada por dois filhotes de aparência inofensiva, mas de origem profundamente selvagem e tecnológica: Romulus, Remus e Khaleesi (que não teve imagem divulgada) são os primeiros exemplares de um ambicioso projeto genômico que pretende “ressuscitar” o lobo-terrível, espécie extinta há cerca de 12 mil anos. O anúncio foi feito na segunda-feira (7) pela startup americana Colossal Biosciences, que se tornou símbolo do avanço (e das polêmicas) na chamada desextinção, em uma narrativa que remete à série de ficção Parque dos Dinossauros.

O feito envolve a edição de genes de lobos-cinzentos com base em DNA extraído de fósseis milenares — um dente de 13 mil anos e um crânio de 72 mil anos. A partir disso, os cientistas alteraram 20 genes, incorporando características morfológicas do Canis dirus, o verdadeiro lobo-terrível da Era do Gelo. O resultado: três animais com porte avantajado, pelagem clara e traços que remetem ao mítico predador, imortalizado na série espada e fantasia Game of Thrones.

“Pela primeira vez, restauramos uma espécie outrora erradicada”, celebrou a empresa em comunicado oficial. A Colossal, avaliada em US$ 10 bilhões, mantém os filhotes em uma reserva ambiental nos Estados Unidos, onde serão tratados e monitorados por toda a vida para verificar como se dará seus desenvolvimentos, comportamentos e saúde.

Mas nem todos estão convencidos. Especialistas em paleogenética e ecologia viera a público contestar a ideia de que a extinção foi de fato revertida. “Este não é um lobo-terrível. É um lobo cinzento modificado geneticamente”, afirmou à BBC o paleoecologista Nic Rawlence, da Universidade de Otago, na Nova Zelândia. Outros cientistas comparam os animais a híbridos ou cópias funcionais, longe de serem recriações fiéis da espécie extinta.


O debate ultrapassa a biologia e toca em temas éticos e ambientais. Os críticos alertam para o risco de romantizar a extinção como algo reversível, enquanto espécies vivas continuam ameaçadas — como o próprio lobo-cinzento, que pode ser excluído da lista de espécies protegidas nos EUA. Outro ponto é o que fazer com novas espécies que desapareceram sem a interferência humana que escapem para a natureza, produzindo impactos imprevistos.

Beth Shapiro, diretora científica da Colossal, defende o projeto como uma conquista simbólica e prática: “Queremos versões funcionais de espécies extintas. Não é preciso recriar 100% do DNA original para isso”. Ela também argumenta que a tecnologia poderá beneficiar animais criticamente ameaçados, como o lobo-vermelho.

Fato é que os filhotes — com nomes que mesclam mitologia romana e cultura pop — já conquistaram atenção global. Resta saber se simbolizam o início de uma nova era científica ou apenas uma ousada excentricidade.

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