Fundadora da Theranos, Elizabeth Holmes enganou até Rupert Murdoch com a promessa de uma tecnologia inexistente para exames de sangue
Em 2003, aos 19 anos, Elizabeth Holmes, era considerada um jovem genial, criadora de um método prático, barato, rápido e revolucionário de fazer exames de sangue. Em 2015, aos 31, se tornou fundadora da Theranos, empresa que chegou a ser avaliada em US$ 9 bilhões. Em 2022, aos 38 anos, ela irá para a prisão por três acusações de fraude eletrônica e uma por conspiração para enganar investidores. Um juiz federal da Califórnia a condenou a 11 anos de reclusão nesta sexta-feira (18). Quando sair, terá 49 anos. Um alívio, já que a pena máxima poderia ser de 20 anos.
A condenação da garota que no início do século 21 foi considerada “a nova Steve Jobs” e a “estrela do Vale do Silício” saiu em 4 de janeiro, mas uma série de recursos e apelações adiaram a pronúncia da pena, que só saiu ontem.
Em 2015, a Holmes vendeu a falsa promessa de uma maneira menos dolorosa e mais conveniente e barata de detectar doenças e outros problemas de saúde. Em vez de uma agulhada na veia, apenas algumas gotas de sangue com uma picada no dedo. O conceito – e a forma como Holmes o apresentou – cativou investidores e a Theranos levantou US$ 900 milhões. Bilionários como Rupert Murdoch e Larry Ellison colocaram a mão no bolso. A rede de farmácias Walgreens também.
Ex-namorado
A farsa logo começou a ser exposta. Um mês depois da avaliação de US$ 9 bilhões da empresa, o Wall Street Journal revelou que a tecnologia de teste de sangue era tão falha que a Theranos estava usando equipamentos de outras empresas em seus laboratórios. Em 2018, após uma investigação por reguladores médicos e financeiros, acusações de fraude foram movidas contra Holmes e Ramesh ‘Sunny’ Balwani, seu ex-namorado e CEO da Theranos.
Em janeiro, Holmes enfrentou 11 acusações e foi considerada inocente de quatro delas. Ela se livrou de outras três mediante um impasse dos jurados ocorrido após três meses de julgamento. Os defensores de Holmes afirmaram que na hora da condenação ela se mostrava muito nervosa e arrependida de seus atos. O julgamento foi considerado uma prova de força do sistema judicial americano diante da sofisticação tecnológica das promessas apresentadas a investidores sob a promessa de soluções inexistentes. Os advogados da condenada pretendem recorrer. A Theranos foi dissolvida em 2018.
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