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Exame: O que a Light oferece aos credores para fechar acordo de R$ 11 bilhões

Companhia pretende pagar IPCA +2% nos títulos ofertados

A Light vive uma queda de braço. A empresa, como se sabe, entrou com pedido de recuperação judicial via holding por dívidas de R$ 11 bilhões. A administração se mostra confiante em bater o martelo em, no máximo, 60 dias, enquanto parte dos credores aposta que uma decisão só saia em 2024. O diabo está nos detalhes.

A Light está propondo uma capitalização de R$ 1,5 bilhão, sendo R$ 1 bilhão ancorado pelos acionistas de referência. Hoje, a base acionária da companhia se divide da seguinte forma: a gestora WNT, ligada ao investidor Nelson Tanure, tem 30,5%; a Samambaia, de Roberto Cezar Coelho, tem 20,1%; e o Santander, 10,16%. O restante está distribuído entre outros acionistas.

O acordo passa por converter parte da dívida em ações da companhia, num percentual que ainda não está claro. Pelo desenho mais atual da proposta, 100% da dívida da Sesa, a companhia de distribuição, seria convertida em novas debêntures. Esse valor totaliza R$ 7 bilhões. Na conversão, 50% seriam debêntures simples com vencimento de dez anos, carência de juros de três anos e de principal de cinco anos, corrigida por IPCA + 2%. Essa remuneração dos novos papéis é um dos pontos de atrito: fontes próximas à negociação afirmam que os credores querem IPCA + 7%, mas a companhia não aceitou. Os outros 50% seriam debêntures conversíveis em ações, em janelas de 2026, 2029 e 2032.

Já a proposta de aumento de capital ainda depende da definição do valor por ação, o que também será considerado para a conversão da dívida. Para isso, a empresa deve ter como base um laudo independente, além do tradicional processo de book Building, em que uma empresa avalia o interesse do mercado. Além disso, o acordo prevê a emissão de bônus de subscrição para quem capitalizar com dinheiro novo, na razão de 2:1.

A proposta da recuperação judicial, de maio, previa seis modalidades de recuperação de créditos, com quatro delas pagando os valores integralmente. As outras duas compreendiam, respectivamente: a realização de um leilão reverso, para antecipação dos créditos quirografários, com desconto mínimo de 60%. E, por fim, a emissão de novas debêntures, com desconto de 20%.

Do total da dívida da Light, R$ 7 bilhões estão nas mãos de debenturistas, e outros R$ 3,3 bilhões nas mãos dos investidores estrangeiros. Mais da metade das debêntures está dispersa entre pessoas físicas — um desafio para a companhia chegar a um consenso, antes mesmo da recuperação judicial propriamente dita.

A crise da companhia veio após a divulgação do balanço referente a 2022, quando itens não recorrentes trouxeram um impacto negativo de R$ 5 bilhões no balanço. O nível de incerteza aumentou progressivamente nos últimos meses, culminando no pedido de recuperação judicial. A companhia tem perdas muito relevantes com fraudes de acesso ao sistema (os gatos), de 52% da receita, enquanto a média da Aneel gira em torno de 30%.

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Por  Raquel Brandão e Karina Souza

Publicado originalmente em: https://curt.link/Xgbw5vw

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