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Fraude bilionária no INSS: as perguntas que a PF precisa responder

Operação afasta presidente do órgão e expõe desvios em descontos de aposentados, gerando implicações políticas para o governo Lula

A Polícia Federal (PF) e a Controladoria-Geral da União (CGU) deflagraram nesta quarta-feira (23) a “Operação Sem Desconto“, revelando um esquema de descontos não autorizados em aposentadorias e pensões do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) que totalizam R$ 6,3 bilhões entre 2019 e 2024. Em decorrência da operação, o presidente do INSS, Alessandro Stefanutto (imagem), foi afastado do cargo por decisão judicial, juntamente com outros cinco servidores públicos, incluindo o procurador-geral do INSS.

A investigação aponta que a fraude partiu de entidades representativas de aposentados e pensionistas, que realizavam descontos irregulares de mensalidades associativas sobre os benefícios previdenciários. Apesar da deflagração da operação, detalhes específicos sobre o funcionamento do esquema ainda não foram divulgados pelas autoridades.

Diante da magnitude da fraude e do afastamento da cúpula do INSS, diversas questões cruciais precisam ser desvendadas pelas investigações da Polícia Federal:

  • Quem estava lucrando com o esquema bilionário? Identificar os beneficiários finais dos descontos irregulares é fundamental para responsabilizar os envolvidos.
  • Como esses recursos eram distribuídos? Rastrear o fluxo financeiro do dinheiro desviado é essencial para entender a dinâmica da organização criminosa.
  • Como os órgãos de controle do INSS não alertaram para a fraude? E se alertaram, quem ignorou os avisos? É necessário apurar a atuação dos mecanismos de fiscalização interna e externa do INSS.
  • E as recomendações da CGU? A Controladoria-Geral da União detectou atividades suspeitas e alertou o INSS. Nada foi feito. Quem segurou esta informação?
  • Que entidades bancárias estão envolvidas na movimentação desses recursos? A participação de instituições financeiras no esquema precisa ser investigada.
  • Quem autorizou as parcerias do INSS com as entidades que realizavam os descontos irregulares? A apuração das responsabilidades na formalização dessas parcerias é crucial.
  • Assinatura: Como eram falsificadas as assinaturas dos aposentados para abastecer o esquema.


Os afastados são:
  • Alessandro Stefanutto, presidente do INSS;
  • Virgílio Antônio Ribeiro de Oliveira Filho, procurador-geral do INSS;
  • Giovani Batista Fassarella Spiecker, coordenador-geral de Suporte ao Atendimento ao Cliente do INSS;
  • Vanderlei Barbosa dos Santos, diretor de Benefícios e Relacionamento com o Cidadão;
  • Jacimar Fonseca da Silva, coordenador-geral de Pagamentos e Benefícios do INSS;
  • Policial federal suspeito de dar suporte ao grupo utilizando o cargo. Ele não teve o nome divulgado.

A operação ganha contornos políticos significativos, marcando o primeiro grande escândalo da terceira gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Alessandro Stefanutto, servidor de carreira do INSS e filiado ao PSB, foi indicado para a presidência do órgão pelo ministro da Previdência Social, Carlos Lupi. O próprio presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, afirmou que o partido não foi consultado sobre a indicação de Stefanutto.

Com base nas informações fornecidas, os bens encontrados e apreendidos durante a operação da Polícia Federal incluem:

  • Um Porsche Taycan azul claro (sem placas);
  • Motocicletas das marcas BMW e Triumph;
  • Uma coleção de 24 relógios (apreendida em Curitiba);
  • Uma mala recheada de cédulas de R$ 50 (apreendida em São Paulo)

A operação “Sem Desconto” mobilizou cerca de 700 policiais federais e 80 servidores da CGU para cumprir centenas de mandados de busca e apreensão, sequestro de bens e prisão temporária em diversos estados do país e no Distrito Federal. As investigações prosseguem com o objetivo de desarticular completamente o esquema e responsabilizar todos os envolvidos por crimes como corrupção ativa e passiva, violação de sigilo funcional, falsificação de documentos, organização criminosa e lavagem de dinheiro.



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