Rogério da Silva Mendonça e Deibson Cabral Nascimento foram encontrados na cidade de Marabá (PA), a 1.600 km de Mossoró (RN)
Os dois foragidos da penitenciária federal de Mossoró (RN) foram capturados nesta quinta-feira (4), 50 dias após a fuga. Rogério da Silva Mendonça, 35 anos, e Deibson Cabral Nascimento, 33, foram encontrados em uma ação conjunta da Polícia Federal (PF) e da Polícia Rodoviária Federal (PRF). Eles tinham escapado do presídio na madrugada de 14 de fevereiro. A evasão foi a primeira desde a implementação do Sistema Penitenciário Federal no Brasil, em 2006.
A dupla foi encontrada na cidade de Marabá (PA), que fica a 1.600 quilômetros de Mossoró (RN). Um inquérito da PF apontou que a dupla recebeu ajuda contínua de uma rede mobilizada e financiada pelo Comando Vermelho, facção criminosa a qual eles eram filiados no Acre. As prisões resgatam em parte a credibilidade do Ministério da Justiça, responsável pelos sistema prisional federal. Em Mossoró foram encontradas celas deterioradas e sistemas de vigilância defasados e comprometidos pelos desgaste do tempo.
A busca pelos detentos envolveu pelo menos 600 agentes. Desde que escaparam da penitenciária, Rogério e Deibson foram vistos em diversas ocasiões. Dois dias após a fuga, eles teriam feito uma família de refém na zona rural de Mossoró. Neste dia, a polícia também encontrou pegadas, calçados, roupas, lençóis e uma corda, além de uma camiseta do uniforme da penitenciária, em uma área de mata.
A força-tarefa dedicada à captura encontrou, em 25 de fevereiro, um possível esconderijo onde os fugitivos permaneceram por alguns dias, próximo à prisão. Foram descobertas um facão, uma lona e várias embalagens de comida no local.
Em 27 de fevereiro, os fugitivos foram avistados em um vilarejo no Rio Grande do Norte, onde foram reconhecidos por moradores locais. Antes que a polícia pudesse intervir, eles retornaram para a mata. Uma recompensa de R$ 30 mil chegou a ser oferecida por informações que levassem à captura dos foragidos.
Rede de apoio
Três indivíduos foram detidos sob suspeita de auxiliar na fuga de detentos da penitenciária de segurança máxima em Mossoró, no Rio Grande do Norte. As prisões ocorreram na fronteira entre o Rio Grande do Norte e o Ceará, em 22 de fevereiro.
Além das detenções, foram apreendidas armas, drogas, munições e um veículo suspeito de ter sido usado para fornecer armas aos criminosos durante a fuga.
Além desses suspeitos, a Força Integrada de Combate ao Crime Organizado no Acre prendeu o irmão de um dos fugitivos da Penitenciária Federal de Mossoró. Ele tinha mandado de prisão em aberto por roubo e participação em organização criminosa.
Outro homem, suspeito de colaborar com os fugitivos, foi preso em 26 de fevereiro. Identificado como Ronaildo da Silva Fernandes, é proprietário de um sítio em Baraúna, na divisão do Rio Grande do Norte com o Ceará. Fernandes teria recebido R$ 5 mil para abrigar os fugitivos durante oito dias.
Não há indícios de corrupção
Após um mês e meio apurando as circunstâncias da fuga dos detentos, a corregedoria-geral da Secretaria Nacional de Políticas Penais, do Ministério da Justiça e Segurança Pública, informou não ter encontrado qualquer indício de corrupção, porém as suspeitas seguem, dadas as circunstâncias da fuga.
Segundo o ministério, em seu relatório sobre a responsabilidade de servidores da penitenciária, a corregedora-geral, Marlene Rosa, aponta indícios de “falhas” nos procedimentos carcerários de segurança, mas nenhuma evidência de que servidores tenham, intencionalmente, facilitado a fuga
Ainda de acordo com o ministério, três processos administrativos disciplinares (PADs) já foram instaurados para aprofundar as investigações sobre as falhas identificadas. Dez servidores são alvos desses procedimentos. Outros 17 servidores assinarão termos de ajustamento de conduta (TAC), se comprometendo com uma série de medidas, como, por exemplo, passar por cursos de reciclagem e não voltarem a cometer as mesmas infrações.
“A corregedora ainda determinou a abertura de uma nova investigação preliminar sumária para continuar as apurações referentes às causas da fuga, com foco nos problemas estruturais da unidade federal”, informou a pasta.
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