Aos 87 anos, Tenzin Gyatso é o mais proeminente líder budista e ganhador do Prêmio Nobel da Paz. Denominado Dalai Lama (algo como “oceano de sabedoria”, em mongol antigo) desde criança e exilado na Índia a partir dos 25 anos, quando da revolta tibetana contra a invasão e anexação da China, ele deixou uma das regiões mais pobres e atrasadas para correr o mundo em pregações dignas de idolatria pop.
Porém, mesmo uma personalidade santificada pode ter sua reputação dilapidada por um ato – inocente ou criminoso. Foi o que aconteceu após a divulgação de um vídeo gravado em 28 de fevereiro, no templo de Dharamsala, no norte da Índia. As imagens mostram quando um menino abraça e beija a bochecha do Dalai Lama, que lhe pede um beijo na boca expondo a língua. “E chupe minha língua”, disse enquanto ambos tocam suas testas.
A cena provocou risos e constrangimento. O menino fazia parte de um grupo de 100 formandos de um curso patrocinado pelo braço filantrópico da 3M. Eles estavam ali para ouvir conselhos sobre a vida e carreira. Em vez disso viram nascer um escândalo mundial repleto de críticas de abuso e pedofilia. Na segunda-feira (10) foi lançado um pedido oficial de desculpas que pouco ajudou: “Sua santidade com frequência provoca as pessoas de maneira inocente e jocosa. Ele pede desculpas pelo incidente”.
Enquanto alguns alertaram que o gesto é próprio da cultura tibetana tradicional, outros lembraram que o Dalai Lama é um líder religioso global e que deveria adotar um comportamento mais recatado e considerar que sua pregação atinge corações mentes de gente de todos cantos do globo.
Em 2019 ocorreu outro episódio perturbador. Perguntado se eventualmente seu sucessor poderia ser uma mulher, respondeu com gracinhas para logo depois sua equipe tentar colocar panos quentes. “Se for uma mulher feia, não será muito eficaz, será?”