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Hollywood em greve: o que muda para os roteiristas, como ficam os atores

Pacto inclui aumentos salariais, bônus por audiência e proteção contra o uso de IA. Mas a briga está longe do final

Para contar tudo será preciso produzir uma série baseada em fatos reais que dure, talvez, duas ou mais temporadas. Mas após 148 dias de paralisação, os roteiristas de Hollywood retornaram ao trabalho. O sindicato nacional da categoria (Writers Guild of America, WGA) anunciou o fim da greve na madrugada desta quarta-feira (27). O acordo preliminar foi aprovado por unanimidade após cinco dias de negociações.

Entre as principais conquistas dos roteiristas estão aumentos salariais de 2% ao ano ao longo dos próximos três anos, além de premiações por aumento das audiências. A partir do próximo ano, as produtoras terão que dar um bônus às equipes se o programa ou filme despertar a atenção de pelo menos 20% dos assinantes de canais pagos ou streaming nos primeiros 90 dias.

Outra conquista importante é a proteção contra a inteligência artificial (IA). O acordo estabelece que ferramentas de IA não podem ser abastecidas para escrever scripts, o que caracteriza origem ilegítima, pois é baseada em produtos anteriores.

Por fim, o acordo também estabelece um número mínimo de escritores para cada programa. Sob o novo contrato, o número mínimo de escritores precisará ser coerente ao número de episódios que um programa tem ao longo do tempo, a menos que uma pessoa esteja escrevendo todos os episódios. Assim, por exemplo, um programa de seis episódios precisa de pelo menos três escritores, e um programa de 10 episódios precisa de pelo menos cinco. Essa exigência diminuiria a pressão sobre os roteiristas, que nem sempre são os autores e sofrem pressão de criadores.

Adam Conover, membro do conselho do WGA, elogiou o acordo como “a maior vitória já vista em anos”. “Este acordo é um marco para os roteiristas de Hollywood”, disse Conover. “Ele garante que os roteiristas sejam adequadamente compensados ​​por seu trabalho e que tenham um papel significativo no futuro da indústria.”

Com o fim da greve, as produções de Hollywood devem retornar ao normal em breve. Mas nem por isso a vida a qualidade da programação está garantida. Ainda que o sindicato dos profissionais de animação tenha que renegociar os contratos a partir de 2024, há a possibilidade de greve antecipada contra os baixos salários perante os altos lucros dos estúdios. A importância da animação nos block buster é fundamental, pois engloba também os profissionais que trabalham em computação gráfica (computer graphic imagery, CGI). Nenhum filme da Marvel, ou mesmo “Barbie” e “Openheimmer” seria possíveis sem CGI. E não fica melhor. De acordo o WGA, o pessoal que atua com efeitos sonoros (sound effects, SFX) para os estúdios Marvel discute sua afiliação ou criação de um sindicato próprio.


Os pontos da greve
  • Aumento do salário mínimo entre 3% a 5%;
  • Aumento da contribuição da empresas para os fundos de pensão e seguro de saúde do sindicato;
  • Restrições ao uso de inteligência artificial;
  • Melhoras na distribuição do pagamento, pedidos de revisões, garantias de pagamentos de residuais em relação ao público do exterior em produções levadas ao streaming;
  • Transparência com os dados de audiência para streaming e pagamento proporcional aos números mostrados;
  • Melhoras mínimas para streaming em que há pausas comerciais;
  • Aumento para equipes de programas semanais e para casos onde o escritor também faz o papel de produtor;
  • Aumentos para times de roteiristas em casos de pré pré-produção (ou seja, desenvolvimento de filmes e séries antes delas serem oficialmente levadas à produção);
  • Quantidade mínima de profissionais por equipe, mesmo antes da criação de um projeto contínuo.

Negociações com atores

O portal Deadline revelou que os membros do sindicato responsável por 160 mil atores devem se reunir em poucos dias com a Alliance of Motion Picture and Television Producers (Amptp), a associação que representa mais de 350 empresas produtores de TV e cinema. A entidade responde por quem paga suas contas atuando em pequenas produções, fazendo pontas e participando de série, muitas vezes ao lado de quem abocanha cachês milionários. Essa negociação pode significar o fim da greve caso parte das demandas da categoria seja atendida. Os atores são representados pela Screen Actors Guild-American Federation of Television and Radio Artists (SAG-Aftra), que também reúne jornalistas, personalidades do rádio, músicos, cantores, dubladores, influenciadores da internet, modelos e profissionais de mídia.

A SAG-Aftra não comentou sobre as negociações em curso. Um porta-voz do sindicato inclusive ressaltou não ter datas para as negociações e finalizou pedindo para ninguém acreditar em rumores. Na votação que decidiu o início da greve, 98% dos atores votaram a favor. Por enquanto, as paralisações seguem até o final das negociações e até o momento, os atores continuam a ter que seguir as regras de restrição do sindicato.

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