Seu romance mais aclamado internacionalmente foi “A Insustentável Leveza do Ser”
O escritor tcheco Milan Kundera, renomado nome da literatura mundial, faleceu nesta terça-feira aos 94 anos, em Paris, conforme anunciado pelo grupo editorial francês Gallimard e pela porta-voz da biblioteca que leva seu nome em sua cidade natal, Brno. “Infelizmente, posso confirmar que o sr. Milan Kundera faleceu ontem (terça-feira), após uma longa doença”, declarou Anna Mrazova à AFP.
Conhecido por sua abordagem sarcástica na representação da condição humana, Kundera foi um dos raros escritores a ser incluído, ainda em vida, na prestigiosa série ‘La Pléiade’ (em 2011). Desde sua emigração da então Tchecoslováquia, em 1975, quando o país vivia sob regime comunista, o romancista fixou residência na França. Após cair em desgraça diante das autoridades de seu país durante a Primavera de Praga, o movimento reformista de 1968 esmagado pelas forças militares soviéticas, ele teve sua cidadania revogada, o que o tornou legalmente um pária em sua terra. Desde 1950 ele era alvo de críticas e perseguições do partido comunista tcheco, com livros banidos e impedido de trabalhar e estudar.
Em 2019, Kundera recuperou sua cidadania tcheca, embora tivesse adotado a nacionalidade francesa em 1981. Nascido em 1º de abril de 1929, ele começou sua carreira literária escrevendo poemas e contos. Em 1967, publicou seu romance de estreia, “A Brincadeira”. Dois anos depois, lançou “Risíveis Amores”, uma coletânea de contos que retratam de forma amarga as ilusões políticas da geração que presenciou o golpe de Praga, em 1948, que levou os comunistas ao poder após fraudes e acordos políticos descumpridos.
Seu romance mais aclamado internacionalmente foi “A Insustentável Leveza do Ser”, publicado em 1983. Ainda encontrado na livrarias, é uma obra sarcástica que retrata a condição humana, o amor, a liberdade e o conformismo sob a ótica do mais ordinário cotidiano em paralelo às grandes questões políticas. Sua maior obra só foi publicada em seu país natal em 2006. Parte da crítica literária acredita que Kundera seria merecedor do Nobel de Literatura.
