Companhia árabe reclamava desde 2021 de uma rápida deterioração externa. Uso de materiais compostos pode ser uma das causas
Uma disputa judicial em torno de US$ 800 milhões entre a Qatar Airways e a Airbus chega ao fim com um acordo amigável sobre as reclamações da aérea sobre a degradação da pintura na superfície de seus A350, o que levou ao aterramento das aeronave. De início, a fabricante europeia não aceitou o teor das reclamações, que se tornaram públicas em março de 2021. A Qatar contava então com uma frota de mais de mais de 50 A350, sem contar as encomendas.
Um projeto de reparos está em andamento e ambas as partes esperam colocar essas aeronaves de volta ao ar em breve. A Qatar reclamava que a rápida degradação da pintura externa afetaria a proteção contra raios e a estrutura, em boa parte de materiais compostos. Os principais receios eram com a integridade das asas. Nenhum acidente foi registrado.
Em uma briga peculiar entre empresas deste porte, a Qatar chegou a reivindicar uma compensação US$ 618 milhões pelo aterramento da frota, com US$ 4 milhões adicionais para cada dia dos jatos fora de serviço. Sem contar os US$ 67 milhões pedidos pelos danos à única aeronave que ganhou a pintura oficial da Copa do Mundo de 2022.
Como a Airbus não atendeu os pedidos de repintura, a Qatar se recusou a aceitar as novas entregas de A350 e ameaçou cancelar os contratos de compra de aparelhos da família A320 – que não apresentavam o problema. Quando a companhia ameaçou comprar da concorrente Boeing aparelhos equivalentes 777, algumas respostas começaram a surgir. A Air New Zealand reclamou do mesmo problema em seus 787 Dreamliner, que também se valem de largo uso de materiais compostos. Como a Boeing aceitou refazer as pinturas, a Airbus se viu sem saída.
Em comunicado, a Qatar Airways afirmou que o entendimento permitira o prosseguimento da parceira com a Airbus. Os detalhes são confidenciais e as partes vão retirar as reivindicações legais. O acordo de liquidação não poderá ser considerado uma admissão de responsabilidade para qualquer uma das partes.
Brigas anteriores
Está não foi a primeira troca de farpas entre Catar e Airbus. Em 2014, a companhia aérea se recusou a receber seus primeiros A380 até que um suposto problema nas paredes laterais internas e nos assentos fosse resolvido. Em 2016, um pedido de 50 A320neo foi atrasado por supostos problemas nos motores P&W. As encomendas seguinte de A321neo e A321LR vieram com motores CFM.