Decisão pode afetar 40% dos produtos vendidos pela gigante do e-commerce, comprometendo lucratividade. JP Morgan alerta para recessão
A plataforma Amazon tomou a decisão de cancelar pedidos de diversos produtos fabricados na China e em outros países asiáticos, de acordo com um documento obtido pela Bloomberg. O movimento parece ser uma resposta estratégica da empresa às tarifas impostas pelo presidente Donald Trump, que anunciou em 2 de abril a ampliação das tarifas sobre mais de 180 países e territórios, incluindo China, Vietnã e Tailândia.
Os cancelamentos atingiram uma variedade de produtos, como cadeiras de praia, patinetes e condicionadores de ar, com a empresa interrompendo pedidos feitos a diversos fornecedores asiáticos. A decisão, tomada sem qualquer aviso prévio, gerou grande surpresa e preocupação entre os vendedores, que passaram a suspeitar que os cortes estariam ligados diretamente às novas tarifas. A iniciativa deve afetar a performance da plataforma big tech.
A Amazon se recusou a comentar oficialmente sobre o ocorrido, mas, em seu relatório anual de fevereiro, já havia alertado sobre os riscos das disputas comerciais internacionais, destacando a dependência de fornecedores chineses para uma parte significativa de seus componentes e mercadorias acabadas. “Fornecedores baseados na China fornecem partes significativas dos nossos componentes e produtos acabados”, informa o documento da empresa.
Os chamados pedidos de importação direta – em que a compra os produtos diretamente no país de origem e os importa para os Estados Unidos – são uma prática comum da Amazon, que utiliza sua capacidade de comprar em grande volume para reduzir custos com transporte. No entanto, ao cancelar esses pedidos, a empresa repassa a responsabilidade pela tarifa de importação aos fornecedores, caso estes optem por importar os produtos de outras formas.
Estima-se que cerca de 40% dos produtos vendidos no site da Amazon sejam comprados diretamente dos fornecedores. O restante das vendas é realizado por vendedores independentes que alugam espaço no marketplace da empresa, pagando comissões por vendas, logística e publicidade. O impacto das tarifas de Trump no comércio global tem gerado instabilidade nos mercados financeiros, com empresas ajustando seus preços e alimentando o temor de uma possível recessão.
Em uma revisão de sua previsão de receita para 2025, a Robert W. Baird & Co. Inc. reduziu suas expectativas para a Amazon, citando os efeitos das tarifas comerciais. As ações da empresa caíram cerca de 21% neste ano, uma queda significativa em comparação com o desempenho de 15% de baixa do índice S&P 500.
JPMorgan
O presidente-executivo do JPMorgan Chase, Jamie Dimon, declarou nesta quarta-feira (9) que as tarifas impostas por Trump provavelmente levarão a uma recessão e à inadimplência de tomadores de empréstimos. “Enquanto as taxas estiverem subindo… a inflação estiver rígida e os spreads de crédito estiverem aumentando, o que vai acontecer, acho que teremos mais problemas de crédito”, afirmou Dimon em entrevista à Fox Business.
Ele pediu um rápido progresso nas negociações comerciais com os parceiros dos EUA a fim de acalmar os mercados, que têm sido abalados pelos anúncios de tarifas. “Espero que o que eles realmente façam seja… que essas coisas sejam feitas rapidamente”, afirmou Dimon, referindo-se às negociações comerciais entre o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, e outros países. “Se eles querem acalmar os mercados, mostrem progresso nessas questões.”
Uma resposta
Como ficam os pedidos dos clientes, hoje? Correm risco de pagarem e ficarem sem suas mercadorias?