Antônio Ermírio de Moraes dizia que queria morrer em serviço, tamanha era a sua dedicação ao trabalho. Tirou poucas férias na vida. Em uma delas, na lua de mel pela Europa, levou a mulher para conhecer uma indústria. A obsessão pelos negócios ajudou a transformar a Votorantim, uma empresa familiar criada pelo pai, em um dos maiores conglomerados do mundo. A companhia, que começou nos ramos de tecidos e depois cimentos, se diversificou e expandiu a atuação para as áreas de mineração, metalurgia, geração de energia, papel e celulose, agrícola e bancária, entre muitas outras.
O empresário ficou célebre pela austeridade. Orgulhava-se de vestir sempre os mesmos ternos, dirigia o próprio carro, não tinha seguranças e mantinha hábitos simples, como ir aos jogos do Corinthians, seu time de coração – e tudo isso apesar de ser, durante muitos anos, o homem mais rico do Brasil.
Nos negócios, era ainda mais austero. Fugia de empréstimos bancários e buscava financiar a expansão dos negócios sempre com recursos próprios.
Os rumos da economia brasileira eram uma obsessão para ele. Brigava com os governantes pela redução da carga tributária. Dizia que o peso dos impostos, além da falta de uma política industrial, inibia o desenvolvimento. Reclamava quando o Banco Central elevava os juros ou nas ocasiões em que o corte na taxa básica era irrelevante.
Antônio Ermírio também acreditava que os empresários deveriam participar das transformações sociais do Brasil. Foi por mais de uma década presidente do hospital Beneficência Portuguesa, de São Paulo, oferecendo a mesma dedicação que reservava às empresas do grupo Votorantim. Passava ao menos três vezes por dia na sede do hospital para se inteirar de tudo o que estava acontecendo.
A luta de Antônio Ermírio de Moraes para o desenvolvimento do Brasil foi incansável. Ele só deixou de trabalhar quando o Alzheimer se agravou. Morreu em 2014, aos 86 anos, com o reconhecimento de ter sido um dos mitos do empreendedorismo brasileiro. Seu exemplo permanece:
“O empreendedor deve estudar muito, preparar-se enquanto for jovem, e depois trabalhar pensando no Brasil, com amor à terra. Se tivermos gente pensando no Brasil, como tem que pensar, este país será uma das grandes nações mundo.”